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VINICIUS TORRES FREIRE
Cupins institucionais
SÃO PAULO - "As instituições estão
funcionando", diz o clichê de muitos
ditos formadores de opinião.
O fato de não ter havido golpe ou
ato de força menor contra a existência de algum dos Poderes, nem assalto direto a direitos fundamentais, significa apenas que a crise institucional
não se resolveu em violência explícita. Mas crise há, e pode ser que o improvisado arranjo institucional brasileiro não desabe logo, mas apodreça sistematicamente, como casas e
árvores velhas cheias de cupins.
Considere-se apenas o caso dos sanguessugas, os novos vilões do Orçamento. Dois sanguessugas, ex-deputados, são veteranos em escândalos.
Apenas na figura desses dois se conectam mensalão, dinheiro sujo em
campanhas, exploração da fé pública, superfaturamento, compra de votos parlamentares. Quando se observam os colegas mais próximos desses
políticos, vê-se também narcotráfico,
lavagem de dinheiro, fraude fiscal e
compra de juízes.
O espaço é pequeno para explicar
ponto a ponto as conexões, mas tais
bandos políticos e seus comparsas
atuam em rede. Foram objeto de várias CPIs, pois sua empresa criminosa
é diversificada: Narcotráfico, Banestado, Pistolagem, Correios, Mensalão. Há vários cabeças ou membros
de quadrilhas no Congresso. Contando os cúmplices (que absolvem seus
colegas), são metade do Parlamento.
O Parlamento, esse, está viciado na
sua missão fundamental, que é a de
de votar e vigiar o Orçamento. Os
eleitos para a esbórnia no Congresso
acobertam empresas e quadrilhas externas que fraudam tanto a eleição
parlamentar como a execução orçamentária. Contam com a omissão ou
a inépcia da Justiça. O Judiciário honesto é desvirtuado por procedimentos de processo abertos à ação da chicana descarada e bem paga.
Há fraude nos compromissos de
campanha. No decreto de medidas
provisórias. No loteamento de cargos.
Oposição e governo fazem conluios
para absolver seus corruptos.
Isso não é crise institucional?
@ - vinit@uol.com.br
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