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FERNANDO RODRIGUES
Silvinho e a República
BRASÍLIA - Silvio Pereira fez muitos
relatos reservados ao longo dos últimos meses. Agora, contou de maneira aberta ao jornal "O Globo" parte
relevante do que sabe sobre o mensalão e o financiamento ilegal ao PT.
Explosivas, suas afirmações dependem de algum tipo de confirmação
formal para colocar de novo fogo na
crise. Esse é o ponto. Sem a validação
numa CPI ou num depoimento ao
Ministério Público, Silvinho será apenas mais um a produzir muito calor e
pouca luz no atual escândalo.
O ex-dirigente do PT será pressionado a comparecer à CPI dos Bingos
nesta semana para relatar o que sabe. É altamente improvável que Silvinho apareça. Se der o ar da graça, é
possível que esteja monitorado e faça
a opção pelo silêncio.
Uma informação importante guardada por Silvinho é a da montagem
da versão do caixa dois:
"O Marcos Valério disse que tínhamos três hipóteses: "A primeira é derrubar a República. Vamos falar tudo
de todos. PT, PSDB, PFL. Não sobra
ninguém. A segunda hipótese é a tática PC Farias: ficar calado. Só que ele
morreu. A terceira é um acordo negociado, de caixa dois". Eu queria a hipótese número um, mas acabei sendo
voto vencido".
De todas as suas afirmações, essa é
a mais relevante, por possibilitar
uma checagem material de fatos. Em
reserva, Silvinho já descreveu o local
e o horário da reunião em que Marcos Valério apresentou as tais três hipóteses. O ex-dirigente petista chega
a se recordar até da padaria na qual
foram encomendados os sanduíches
para saciar a fome dos presentes.
Uma acareação entre os envolvidos
na operação seria, no mínimo, constrangedora para os citados. Na montagem da trama, Silvinho disse estar
disposto a derrubar a República. Ingênuo, ele é uma ponta frágil do esquema. Será certamente esmagado.
Mas é louvável que seja o único com
coragem para falar sobre o assunto.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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