São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Chico Buarque
"Chico Buarque tem, obviamente, o direito de votar em quem bem entende ("Chico diz que vota em Lula de novo", Ilustrada, pág. E1, 6/5). O que me surpreendeu em sua entrevista de sábado, entretanto, foi a condescendência com que abordou todo o descalabro ético que corroeu a credibilidade do governo nos últimos anos -tenha ela sido ou não amplificada por boa parte da mídia. Chico parece ancorar seu voto em uma suposta orientação de esquerda do governo Lula, o que o tornaria um mal menor diante dos outros candidatos. Meu Deus! Seja lá qual for a concepção de esquerda que Chico, intelectual brilhante que é, queira usar, alguém, por favor, me responda: o que de esquerda tem esse governo?"
Luiz Otávio de Barros Souza (São Paulo, SP)
 

"Parabenizo a Folha pela publicação da entrevista com Chico Buarque. Foi uma enorme satisfação ler novamente as idéias desse grande artista que, além de brilhante músico e escritor, se mostra sempre sensível aos problemas sociais e revela um posicionamento bastante coerente, claro e equilibrado acerca da situação política deste país."
André de Souza Vieira (Curitiba, PR)

Lula x Lula
"Contrariando a sua própria campanha populista com apelos nacionalistas, o presidente Lula está mergulhado num mar de contradições. Antes criticava a forma com a qual o governo FHC negociava com o FMI. Depois fecha um acordo ótimo para essa instituição e péssimo para o Brasil. Lula prometia honrar o dinheiro do povo com investimentos sérios e bem planejados, mas o que se viu foi uma montanha de dinheiro sendo desviada para pagamentos de mensalão, para mandar astronauta plantar feijão no espaço e para sustentar uma intervenção desastrosa no Haiti. Lula defendia a nação em suas palavras, mas deixou que a floresta amazônica sofresse um desmatamento recorde. Ainda contra suas palavras nacionalistas pesa uma posição covarde diante da atitude ilegal do governo boliviano de apropriar-se de patrimônio da Petrobras, ou seja, daquilo que pertence ao povo brasileiro. O PT criticava a impunidade, mas propiciou um espetáculo grotesco de absolvição de corruptos, com direito a dança e a comemorações. Essas contradições cercam o destino de um povo num território de incertezas, revelando apenas uma única certeza: aquele Lula da campanha simplesmente não existe."
José Paulo Cipullo (São José do Rio Preto, SP)

Não sabe nada
"Se até nos EUA, maior potência do mundo, uma pesquisa indicou que jovens não sabem onde fica o Iraque (Mundo, 3/5), o que configura total alienação, imagine aqui, cujo problema não é apenas o fato de as pessoas não lerem jornais, mas de não saberem ler mesmo. Daí, nada a estranhar em relação ao favoritismo de Lula nas pesquisas "depois de tudo". Aliás, está aí mais uma identificação de Lula com o povo: eles também não sabem de nada!"
Sílvio Sam (São Paulo, SP)

Arte e fé
"Quando os islâmicos reagiram violentamente contra a publicação de charges que ridicularizavam o seu profeta, foram chamados de incivilizados e intolerantes. E são diferentes dos islâmicos os católicos quando, discretamente, impedem o Banco do Brasil de apoiar exposição de obra de arte que ofende a sua religião?"
Carlos Brisola Marcondes (Florianópolis, SC)

Bolívia
"Não se discute o direito da Bolívia de estatizar recursos naturais em nome da soberania de seu povo, mas, sim, a tibieza do governo brasileiro no trato da delicada questão diante do fato consumado. Não se trata, como disse o nosso chanceler, de não ligar para ruídos e muito menos de fazer bravatas. Esperava-se do governo, independentemente de suas posições políticas e ideológicas, não omissão, mas, sim, uma atitude pronta e enérgica desde o início da crise. No mínimo uma nota de repúdio e de desagravo ao ato intempestivo, agressivo e arbitrário do presidente Morales que exigisse, como condição para o início das negociações, feitas exclusivamente entre os governos brasileiro e boliviano, a retirada imediata das tropas e do interventor das instalações da Petrobras."
Gerson S. Monteiro (Rio de Janeiro, SP)
 

""A Petrobras já ganhou muito na Bolívia". O autor da frase não é assessor do presidente Morales ou do presidente Chávez. A frase é do senhor Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais do presidente Lula. Como o controle acionário da Petrobras pertence à União, o senhor Garcia está dizendo que o povo brasileiro pode se dar ao luxo de perder algum dinheiro em benefício dos bolivianos. Gostaria de dizer ao senhor Garcia que o povo brasileiro é tão pobre quanto o boliviano. E tem uma desvantagem: é muito mal representado."
Leão Machado Neto (São Paulo, SP)
 

"Oportuna a reportagem da Primeira Página de ontem da Folha que aborda a provável crise energética em nosso país caso o governo desestimule o uso de gás em razão da situação na Bolívia ("Crise fará energia encarecer ou faltar'). Prova a reportagem que tanto o governo de Lula como o do seu antecessor, Fernando Henrique, não tiveram projetos estratégicos nessa área, pois estiveram -e estão- preocupados apenas em seguir as regras "fundamentalistas" do neoliberalismo econômico, traçadas pelo chamado Consenso de Washington, que deixam de lado as fundamentais necessidades do desenvolvimento nacional sustentado."
José de Anchieta Nobre de Almeida (Rio de janeiro, RJ)

Relações exteriores
"Em relação aos artigos que respondiam à pergunta "O Brasil tem tido uma política de relações exteriores hábil para a América do Sul?" ("Tendências/Debates", 6/5), quero dizer que gostei muito dos argumentos apresentados pelos dois articulistas. Ambos, embora defendendo um o "sim" e o outro o "não", se completaram. Isso mostra a dificuldade de discutir o tema com um posicionamento ortodoxo único, dada a complexidade que o envolve. Resta saber, ainda, se alguma posição brasileira -como a assumida na "nacionalização das reservas de petróleo e gás boliviano", com prováveis custos futuros para o Brasil- não tem outras intenções, como potencializar recursos para campanhas eleitoreiras."
José Marta Filho, doutor em energia pela Unesp (São Paulo, SP)

Vizinhos
"Mais uma vez, de modo brilhante, Clóvis Rossi lembra o povo brasileiro que o Brasil não pode continuar de costas para seus vizinhos latino-americanos ("O vizinho desconhecido", Opinião, pág. A2, 6/5). O preconceito contra andinos, paraguaios e mesmo argentinos, entre outros, faz parte do pensamento tanto da elite como das classes menos favorecidas. Ruim para o Brasil, que despreza o "populacho" da esquina. Somos mesmo "caipiras" e, quando muito, olhamos com admiração para a Europa e para a América do Norte. E continuamos sem noção dos motivos que levaram o índio Morales a decretar a estatização da extração dos recursos minerais da Bolívia ou por qual razão Hugo Chávez se intromete na discussão entre Brasil e Bolívia."
Clovis Maciel (Sete Lagoas, MG)

19 anos
"São dois números iguais em duas situações absolutamente opostas. Numa delas, um homem, pobre, passa 19 anos preso por um crime que não cometeu e sai da prisão completamente destruído ("Preso 19 anos por engano terá pensão de R$ 1.200", Cotidiano, 5/5). Na outra, um homem, "rico", é condenado a 19 anos de prisão por assassinato e sai do tribunal direto para casa ("Pimenta Neves é condenado, mas segue solto", Cotidiano, 6/5). Que Justiça explica isso?"
Rita de Cássia M. Lopes (São Paulo, SP)

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