São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Juros
"Em seu artigo "Os juros e os neocartesianos" (Dinheiro, pág. B3, 5/6), dedicado a me atacar, o jornalista Luís Nassif omitiu três importantes detalhes, cuja observância não teria permitido que ele perpetrasse o seu venenoso texto. 1. É impossível, no espaço de 60 linhas, ilustrar minha tese, o que eu não teria nenhuma dificuldade em fazer, modéstia à parte. 2. Em nenhum momento falei em "juros módicos", como disse afoitamente o colunista. Se ele tivesse recorrido honestamente ao meu artigo, teria notado, no sétimo parágrafo, que eu fiz referência a "juros elevados, típicos da atual transição". 3. Jamais afirmei que os juros nada teriam a ver com a dívida dos Estados e dos municípios. O ponto é outro. Procurei realçar o equívoco, comumente cometido pelo sr. Nassif, de afirmar que a situação fiscal brasileira decorre exclusivamente da política cambial do primeiro governo FHC. Ou seja, ele manipulou minha opinião para desviar-se do tema e amoldá-lo às suas próprias teses. 4. Apesar de não ter tido espaço para desenvolver todos os aspectos abordados no artigo, indiquei duas fontes: um artigo de um de nossos melhores especialistas em finanças públicas, o economista Fabio Giabiagi, e um documento oficial do Tesouro Nacional. Ambos desmentem, como afirmei, os factóides. A menos que deseje também desmoralizar essas fontes, é o sr. Nassif quem tem de se adaptar, estudando melhor os temas sobre os quais escreve. Deveria deixar de criar factóides baseado apenas na sua arrogância e no seu suposto (e inexistente) domínio das questões fiscais brasileiras."
Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luís Nassif
Mailson conduziu o país ao mais alto índice de inflação da história, não conseguiu prever a crise mexicana com 20 dias de antecedência, a brasileira com dois dias e a argentina com seis meses. Errou todas as previsões relevantes dos últimos anos e ainda quer conduzir a polêmica para o terreno da desqualificação profissional? Faria melhor em tentar rebater o ponto central da minha argumentação: o de que, por despreparo ou má-fé, não considerou o impacto da política de juros do BC sobre os "esqueletos" antes de sua incorporação pela União. Quanto ao "juros módicos", prometo escrever a próxima coluna com bula, para Mailson entender que se tratou de uma ironia.

Sangue e diamantes
"As mãos manchadas de sangue indígena serão, talvez, a última marca dos oito anos de governo do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que agora sancionou um acordo vil com as grandes mineradoras ao demitir o presidente da Funai e dar a sua bênção ao projeto de lei do senador Romero Jucá. Ressuscita assim o mais torpe colonialismo das elites brasileiras, assanhadas diante das riquezas naturais dos territórios dos povos indígenas. A quem interessa a extração mineral a qualquer preço? Quais campanhas eleitorais serão irrigadas pelo sangue que escorre dos diamantes contrabandeados das terras dos cintas-largas em Rondônia e das terras dos macuxis em Roraima?"
João Dal Poz Neto (Cuiabá, MT)

Segurança e fronteiras
"De que adianta a sociedade exigir um soldado em cada esquina, em cada portão de escola etc., se os portões das fronteiras estão escancarados e os aviões pequenos trafegam dia e noite, enfim, se as drogas e armas entram no país, aos montes, com a maior tranquilidade? Por que as Forças Armadas não prestam serviços de patrulhamento temporário até que as demais entidades da polícia estejam em condições de fazê-los? Estão aguardando o início de uma guerra para trabalharem? Será que a guerra já não está instalada no país?"
Ariovaldo Ribeiro (Vinhedo, SP)

Prefeitura
"A reportagem "Prefeitura recua, e centro terá mais camelôs" (Cotidiano, pág. C4, 30/5), assinada pelo jornalista Sérgio Duran, contem algumas informações equivocadas. 1. A Prefeitura não recuou diante da pressão dos camelôs do quadrilátero, pois, desde o dia 24/5, a Comissão Permanente de Ambulantes da Administração Regional da Sé, em reunião realizada pela manhã, decidiu que, além dos 147 ambulantes autorizados a trabalhar no quadrilátero, também poderiam permanecer os que entraram com recurso na CPA e os ambulantes que lá trabalham, mas escolheram vagas em outros setores e ainda não receberam o Termo de Permissão de Uso. Por isso, o número de camelôs nessa área é maior, mas só até que esses recursos sejam analisados e julgados e os demais ambulantes sejam encaminhados para os locais que eles escolheram. 2. Nessa mesma reunião foi decidido que a partir do dia 27/5 a fiscalização só permitiria a presença dos ambulantes que se enquadrassem em um dos casos descritos no parágrafo anterior. Portanto antes das reportagens exibidas pela TV Globo. A fiscalização esteve todos os dias no quadrilátero, e o número de bancas autorizadas, cerca de 230, vem-se mantendo estável desde então."
Dirceu Marques da Cruz, assessoria de imprensa da Administração Regional da Sé (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Sérgio Duran
Desde fevereiro, a Administração Regional da Sé informava que apenas 147 ambulantes poderiam atuar no quadrilátero em que se testam as mudanças no centro paulistano. No dia 24/5, decidiu ampliar os permissionários, o que significa rever sua disposição de restringir o número de camelôs a 147. Sobre outras decisões tomadas em 24/5, leia a seção "Erramos", abaixo.



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