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Efeito esgotado
A FIM DE contornar a restrição abrupta do crédito para a compra de automóveis, ocorrida logo após o terremoto financeiro de meados de
setembro passado, o governo Lula, entre outras medidas, reduziu
o IPI. O tributo caiu de 7% para
zero nos carros populares. Nos
modelos mais potentes a alíquota caiu à metade. Mais tarde, eletrodomésticos também foram
objeto de medida análoga.
O benefício para automóveis,
depois de ter sido estendido uma
vez, expira no final deste mês; o
dos eletrodomésticos vale até 14
de julho. Nos dois casos, a equipe
econômica defende que a desoneração não seja mais prorrogada. A avaliação é a de que a recuperação do mercado de crédito
será suficiente para sustentar as
vendas desses setores.
De fato, desonerações tributárias emergenciais podem ser eficientes, mas seus efeitos são
sempre passageiros. No auge da
crise, a queda do imposto estimula a decisão de compra de
consumidores que tinham planos de adquirir o bem, mas ficaram temerosos ante o novo quadro. Como o benefício não serve
como incentivo eficaz para mudar o comportamento de quem
não planejava comprar o produto, quanto mais tempo dura, menos efeitos produz.
Segundo a Anfavea, as vendas
no mercado doméstico somaram
1,15 milhão de unidades nos primeiros cinco meses do ano, o que
representa uma baixa de apenas
0,1% em comparação com o mesmo período de 2008.
A recuperação do patamar de
vendas reforça o argumento em
favor da interrupção do benefício emergencial. É necessário,
sem dúvida, planejar a diminuição da escorchante carga tributária brasileira -não apenas para alguns setores, mas para o
conjunto dos contribuintes. Isso
deveria ser feito, contudo, no
âmbito de uma reforma tributária, que mais uma vez está travada no Congresso.
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