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FERNANDO RODRIGUES
Internet nas campanhas
BRASÍLIA - Depois de tantos fracassos e imposturas neste ano, o
Congresso pode se redimir em parte levando adiante a ideia de liberar
o uso da rede mundial de computadores na política. A proposta começa a ser debatida amanhã por uma
comissão de deputados.
Hoje, os políticos brasileiros em
campanha estão confinados a apenas um endereço na internet, regulado pelo TSE. Nada de blogs, twitters ou canais de vídeo no YouTube
durante o processo eleitoral. É tudo
ilegal, como se estivéssemos em
Cuba ou na Coreia do Norte.
O Congresso e a Justiça Eleitoral
no Brasil ainda não compreenderam exatamente o significado da internet. Agem como se fosse possível
impor procedimentos regulatórios
para o planeta inteiro.
O debate na Câmara, com o deputado Flávio Dino (PC do B-MA) à
frente, é sobre a liberação completa
da internet. As resistências persistem sobre o período de vigência
dessa liberdade. Alguns consideram necessário estipular um prazo
para campanhas eleitorais também
no reino da internet.
As regras atuais são uma espécie
de oficialização do cinismo. Candidatos a cargos públicos só podem se
assumir como tal depois de formalmente nomeados por seus partidos,
na metade do ano eleitoral. É um
fingimento generalizado. Os políticos dizem em privado o que pretendem fazer e mentem em público para respeitar (sic) a lei.
A anomalia funcionava de maneira epidérmica na era pré-internet.
Agora, nada impede a existência de
sites no exterior expondo os pontos
de vista de um determinado candidato, a qualquer tempo e época -e
acessível aos milhões de brasileiros
conectados.
Derrubar as barreiras legais -já
inexistentes na prática- é uma
providência positiva. Daria ao Congresso algum crédito neste período
em que o Legislativo se especializou
em produzir notícias ruins.
frodriguesbsb@uol.com.br
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