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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Verde água
SÃO PAULO - Já foi bem maior o
ânimo dos tucanos ligados a José
Serra em relação à candidatura de
Fernando Gabeira no Rio. As coisas
não andam boas entre o tucanato e
o PV. Há razões objetivas para isso.
Gabeira despencou nas pesquisas. Na mais recente, do Ibope, aparece com 12%, quase dez pontos
atrás de Garotinho (PR), que tem
21%, e muito distante do governador Sérgio Cabral, com 43%.
Serra, além disso, vem perdendo
votos no eleitorado fluminense. E,
para piorar: pesquisas revelam que
Gabeira está contribuindo para alavancar muito mais a candidatura
de Marina Silva, do próprio PV.
Criou-se para ambos os lados
uma situação desconfortável: o PV
do Rio acha que seu candidato já
cedeu demais; o PSDB tem certeza
de que ele cedeu de menos.
O PV do Rio ainda não engoliu
que a socióloga e vereadora Aspásia Camargo tenha sido preterida
em benefício da candidatura ao Senado de Cesar Maia, do DEM. Acusa-se Gabeira no partido de não ter
tido pulso para definir de maneira
mais firme o seu arco de alianças
-o que explicaria em certa medida
sua atual erosão na classe média.
Os tucanos, por sua vez, que vão
pagar a conta dos verdes no Rio,
avaliam o custo de manter o apoio a
uma candidatura que faz água.
Candidatura, vale lembrar, por eles
implorada dois meses atrás. Não é o
desfecho mais provável, mas o
PSDB, nos últimos dias, cogitou até
lançar um nome próprio no Estado.
A coligação PV-PSDB-DEM-PPS
tem até o dia 19 para se entender.
Enquanto isso, Sérgio Cabral surfa
tranquilo, com o apoio de Lula e a
simpatia da Rede Globo. Até Serra,
em visita ao Rio, já fez elogios às
unidades de polícia pacificadora, o
que deixou Gabeira verde de raiva.
O eleitorado costuma virar as
costas ao tucanato na terra do Cristo Redentor. Em 2002, Serra teve
apenas 21% dos votos; em 2006,
Alckmin atingiu 30%. E não é nada
ensolarado o cenário que agora se
divisa para o PSDB no terceiro
maior colégio eleitoral do país.
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