São Paulo, Terça-feira, 08 de Junho de 1999
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IMPUNIDADE E ESCÁRNIO

Há o sério risco de que vereador algum venha a ser cassado em São Paulo. Conforme mostrou ontem reportagem da Folha, nem os notórios Vicente Viscome (sem partido, hoje preso), Maeli Vergniano (sem partido) e José Izar (líder do PFL), que talvez sejam julgados por seus pares, devem perder seus mandatos.
Apesar das evidências de que estão envolvidos em irregularidades, a tendência é que venham a ser protegidos pela maioria parlamentar governista, modo educado de chamar um grupo lamentável de vereadores que alia à falta de espírito público a desqualificação técnica e o oportunismo militante e despudorado.
Esses operadores do mercado de favores políticos parecem ainda não estar satisfeitos de levar ao extremo a já tradicional tendência de vereadores de fazer do Legislativo municipal apenas um meio de expropriação dos impostos que os paulistanos pagam com sacrifício. Nem mesmo sob pressão da opinião pública, como agora, querem dar ao eleitorado satisfação a respeito da promiscuidade, para dizer o menos, entre vereadores e a rede criminosa de saqueadores do bem público, se não são eles mesmos líderes desses bandos.
Decerto a cassação dessas três lamentáveis figuras da política municipal não iria compensar o efeito do golpe que pôs fim à CPI, enterrando a possibilidade de que outros notórios representantes da máfia fossem mais bem investigados. Mas seria, ainda assim, um pequeno sinal de esperança de que a pressão social pudesse restaurar um mínimo de dignidade entre a maioria da vereança.
O eleitor deve gravar na memória o nome desses que trabalham contra a cidade a fim de, pelo menos, corrigir o erro cometido ao permitir, com seu voto, que essa camarilha se instalasse na Câmara de São Paulo.


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