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BALANÇO ELEITOREIRO
Ninguém imaginaria que o governo fosse fazer uma avaliação crítica de seu desempenho ao se
completar um ano e meio da posse
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A data, que normalmente não enseja balanços, foi apenas um pretexto para que, em período eleitoral, o
Planalto organizasse uma cerimônia
voltada para sua autopromoção.
A situação econômica, a mais complexa e controversa, mereceu especial destaque na operação de marketing político que foi o balanço apresentado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, com a renovada participação do ministro da Casa Civil, José
Dirceu, a quem coube desfiar os dados "positivos" dos ministérios.
Um dos objetivos da cúpula petista
foi tentar desfazer a percepção, amplamente difundida na opinião pública, de que a administração não
funciona. Os entrechoques entre ministros e a paralisia de alguns setores
evidenciaram ao longo desses 18 meses o grau de improvisação do petismo no poder. Quem imaginava que
o PT, após anos de críticas e oposição, contasse com planos razoavelmente elaborados para as diversas
áreas, logo percebeu que pouco ou
nada havia de propositivo e sistemático sob a pregação da "mudança".
A ausência de propostas, a falta de
experiência e o despreparo da nova
equipe foram rapidamente preenchidos pelo marketing político e pela
abundante retórica presidencial.
Lançaram-se e relançaram-se programas em ritmo frenético, criando
a impressão de que novidades estariam sendo implantadas nas mais diversas frentes de atuação, quando na
verdade raríssimas iniciativas tiveram, até aqui, resultados práticos
dignos de nota.
Na área econômica, é fato que a nova gestão assumiu em meio a um
quadro de dificuldades: a herança recebida -em muitos aspectos, de fato, "maldita"- foi agravada por
uma forte crise de confiança alimentada pelo próprio histórico petista,
com suas famigeradas "bravatas".
Ainda que o PT antes de chegar a
Brasília tivesse renegado o ideário esquerdista, a desconfiança não se dissipou. Para combater a crise, o governo não recorreu apenas a medidas
duras de ajuste, o que seria previsível.
Foi além, demonstrando forte inclinação conservadora na política monetária com vistas a "construir credibilidade" aos olhos dos mercados.
Num cenário favorecido pelo aumento dos fluxos de capitais externos, devido à alta liquidez internacional, as autoridades econômicas
conseguiram conter a inflação e a
disparada da cotação do dólar, mas
perderam a oportunidade de avançar
na redução dos juros e na recomposição das reservas em divisas do Banco Central. O principal resultado
econômico ficou por conta do expressivo aumento das exportações,
impulsionado pela queda do consumo interno e pela desvalorização do
real. O agronegócio lidera o processo, que vem contribuindo para reduzir a vulnerabilidade externa e para
dar algum dinamismo a uma economia ainda extremamente fraca do
ponto de vista do mercado interno.
Certamente que o cenário melhorou em relação ao início do mandato
-quando o panorama era crítico.
Todavia ainda é pouco. Permanecem
as incertezas quanto à capacidade de
a política econômica criar condições
para o indispensável aumento dos
investimentos, a redução dos juros e
a retomada do consumo, com expansão sustentada da produção e do
emprego -esses, afinal, os grandes
compromissos assumidos pelo candidato Lula na campanha.
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