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Editoriais
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Imprensa criminosa
Jornais tabloides britânicos se
tornaram sinônimo de leviandade
na apuração dos fatos, exagero
nos relatos e espetacularização da
notícia. Após 168 anos em circulação, o dominical "News of the
World" -um dos mais bem-sucedidos na exploração do sensacionalismo- desaparece das bancas
vitimado pelos próprios excessos.
O caso não se restringe a mau
jornalismo. Em causa está uma
sucessão de atos criminosos que
já levou envolvidos à prisão e deve
resultar em novas punições para
funcionários da News International, de Rupert Murdoch.
O caso chama a atenção pela extensão, pela aparente certeza de
impunidade e pelo grau de desconexão dos editores e repórteres
com boas práticas do jornalismo e
com regras triviais de decência.
Já se sabia há anos que o tabloide havia contratado um investigador particular para grampear e invadir caixas postais telefônicas de
celebridades. O anticlímax, contudo, veio nesta semana: a revelação de que, em 2002, o jornal invadira a caixa postal de uma adolescente de 13 anos desaparecida, o
que deflagrou a ira do público.
Os violadores do sigilo ouviram
recados deixados por amigos e parentes, gente desesperada em busca de um ente querido. Não bastasse isso, apagaram mensagens
para abrir espaço para novas gravações, o que levou a família a crer
que a jovem estivesse viva, quando já havia sido assassinada.
Ao todo, estima-se que 4.000
pessoas tenham sido atingidas pelo esquema, inclusive familiares
de militares mortos no Iraque e no
Afeganistão e de vítimas dos atentados de 2005 em Londres.
Ultrapassou-se, como é óbvio,
toda e qualquer fronteira de privacidade. A imprensa não tem o direito de promover escutas clandestinas nem de violar correspondências. Só se admite que veicule
conteúdo assim obtido se seus
agentes não forem os autores da
quebra de sigilo e caso a informação seja de interesse público.
"O "News of the World" está no
negócio de chamar os outros à responsabilidade. Mas falhou quando se tratava de si próprio", resumiu comunicado da direção do
jornal. Um epitáfio apropriado.
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