São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

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Sempre a dengue

A ESTAÇÃO chuvosa na região Sudeste se aproxima e a epidemia de dengue deve agravar-se nos próximos meses. Antecipando-se às águas, o Ministério da Saúde divulgou nesta semana números preocupantes sobre a moléstia. A idéia é que sirvam de alerta, levando a população a multiplicar seus esforços de combate ao mosquito Aedes aegypti, o vetor da dengue.
Os casos da doença aumentaram 45% nos primeiros sete meses do ano contra igual período de 2006. O total de notificações até meados de agosto já chega a 442.757. O ano de 2007 deverá, portanto, rivalizar com a grande epidemia de 2002, quando se registraram quase 800 mil casos. O total de óbitos também aumentou. Foram 98 até agora, contra 61 nos 12 meses de 2006.
A ressurgência de epidemias de dengue se explica por uma série de fatores sobre os quais temos pouco ou nenhum controle, como o volume de chuvas e a circulação de pessoas que carregam o vírus, contaminando mosquitos que se encarregarão de espalhar a doença numa dada área.
O único elemento sobre o qual temos controle parcial é o grau de infestação do Aedes. O inseto não pode ser erradicado, mas pode ter sua população reduzida. É nesse ponto que os esforços das três esferas de governo e da sociedade têm falhado.
Os problemas são vários. Vão desde agentes de saúde mal preparados que fazem visitas domiciliares em horários nos quais as pessoas não estão em casa até o raciocínio -algo cínico, mas não desprovido de lógica- de que é inútil tomar medidas preventivas contra o mosquito se o vizinho não fizer o mesmo.
De fato, é sempre muito difícil implantar mudanças de hábito na população, em especial quando elas se destinam a evitar um inimigo invisível, como é o caso do vírus da dengue. Mas, dado que dificuldades técnicas deverão retardar o surgimento de uma vacina eficaz, não há alternativa que não incorporar o combate ao mosquito a nossos costumes do dia-a-dia.


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