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Obama em queda
À PRIMEIRA vista é difícil entender por que uma tentativa de universalizar o
acesso à saúde gera tal oposição
que disso resulte um país dividido. Mas esse é o cenário hoje nos
EUA. A reforma proposta por
Barack Obama se tornou o principal motivo da queda acentuada
de sua popularidade. Reavivou-se a "guerra cultural" entre conservadores e democratas; ambos
radicalizaram seus discursos ao
ponto da irracionalidade.
Obama assumiu a Presidência
com popularidade que encostava
nos 80%. Oito meses depois, a
aprovação popular ao democrata
está prestes a cair abaixo de 50%.
O sistema de saúde dos EUA se
baseia em planos oferecidos como benefício empregatício. Programas públicos cobrem só idosos, famílias de baixa renda com
doenças específicas e crianças.
Há quase 50 milhões de pessoas
sem cobertura, e os custos galopam: se nada for feito, os gastos
em relação ao PIB passarão dos
16% atuais para 20% em 2018.
Mas a discussão extrapola a
análise dos números e gira em
torno do papel do Estado. O ponto mais combatido da proposta,
além da obrigatoriedade de aquisição de planos, é a criação de
uma seguradora governamental
ou cooperativa sem fins lucrativos para competir no mercado.
Para a oposição, as ideias são "socializantes", e daí derivam alegorias piores: programa-se um discurso a estudantes, e Obama se
vê comparado a Hitler.
Obama mantém relativa distância do debate. Para evitar desfechos como o de 1993 -quando
a então primeira-dama, Hillary
Clinton, entregou um texto fechado ao Congresso e foi derrotada-, o presidente encarregou
sua base parlamentar de elaborar o projeto da reforma, limitando-se a sugerir linhas gerais.
O fracasso de 1993 abriu caminho para que, no ano seguinte,
republicanos recuperassem o
controle do Congresso dos EUA.
Com o fim lua de mel com o público, o presidente prepara agora
seu contra-ataque. Há 75 anos
democratas tentam universalizar o sistema de saúde americano. Em sua versão 2009, a batalha poderá definir o futuro político da administração Obama.
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