São Paulo, quarta-feira, 08 de setembro de 2010

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Editoriais

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Poluição mal calculada

Um diagnóstico preciso é precondição para o correto tratamento de qualquer problema. No caso dos índices de poluição em São Paulo, os atuais critérios de aferição, desatualizados e falhos, dificultam a adoção de medidas adequadas para evitar prejuízos maiores à saúde da população.
Reportagem de ontem da Folha revelou que a capital paulista, embora tenha uma rede eficiente de monitoramento, usa critérios defasados para medir a qualidade do ar. A situação é ainda pior em várias capitais do país, que nem sequer contam com o número adequado de postos de medição.
Os padrões adotados por São Paulo, baseados em resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), são bem mais complacentes do que os usados nos EUA e na União Europeia ou os recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Pelos parâmetros atuais, a média da qualidade do ar aferida nas 21 estações de mediação da metrópole jamais atingiu um estágio considerado grave, segundo os dados oficiais de 2008 e 2009.
Se fossem adotados os critérios da OMS, todas as 21 médias, porém, estariam acima do limite máximo de concentração de material particulado, a poeira mais fina que penetra nos pulmões.
O clima seco das últimas semanas contribuiu para piorar os níveis de poluição na capital paulista. A proporção de ozônio medida pela estação Ibirapuera em agosto ficou acima do aceitável em 11 dias. Pelos parâmetros da OMS, em outros oito dias também teriam sido considerados inadequados os níveis do gás.
A Cetesb, agência ambiental paulista, discute desde o início do ano mudanças nos critérios de medição. É premente acelerar esses estudos para que as autoridades estejam mais bem aparelhadas a fim de adotar medidas de emergência, como a ampliação do rodízio de veículos nos dias mais poluídos e secos. Afinal, no mês passado, houve um aumento de nada menos do que 30% nas internações por doenças respiratórias.


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