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INFLAÇÃO BAIXA E DESEMPREGO
No início do Real, a abertura da
economia continuava a forçar a indústria a se modernizar e a reduzir
custos, agruras da exposição à concorrência externa. No mesmo período, os serviços e o setor informal,
por sua vez, eram beneficiados pelo
ganho de renda do consumidor e pela volta do crédito, propiciados pela
estabilização. Quando o plano chegava ao seu terceiro ano, porém, parte dessa situação começou a mudar.
A fase inicial do plano de estabilização foi o período do crediário e de
uma certa explosão no consumo. De
tal cenário fazia parte um novo personagem -o "consumidor emergente", a população mais pobre, especialmente aquela parcela que trabalhava por conta própria ou no setor
informal da economia.
Segundo o IBGE, entre 93 e 96, as
vagas na indústria caíram em termos
absolutos, enquanto o emprego nos
serviços crescia pouco mais de 10%.
Havia demanda crescente -do sapateiro às grandes redes varejistas.
A transferência de empregos da
produção de bens para as atividades
de serviços é uma tendência mundial.
No caso do Brasil, porém, a valorização do real frente ao dólar contribuiu
para acelerar essa mudança, pois os
serviços não sofrem a concorrência
das importações.
Agora, esgotado o efeito distributivo da estabilização, saturada a capacidade de endividamento dos consumidores e sem a perspectiva de crescimento mais vigoroso da economia,
a situação do comércio e dos demais
serviços já não é animadora como
nos primeiros anos do Real.
Assim, a pressão por redução de
custos -e de empregos- passa a
atingir também as atividades que até
há pouco vinham absorvendo parte
da mão-de-obra dispensada pela indústria. Pode-se dizer que mais uma
fase do plano está chegando ao fim.
Essa situação coloca evidentes desafios. Para evitar mais desemprego
será preciso encontrar novos setores
capazes de liderar o crescimento. A
esperança parece recair sobre a construção civil e a área de infra-estrutura. São esperados novos investimentos, devidos às privatizações e às
concessões de serviços ao setor privado. Não está claro, porém, se essas
atividades terão magnitude para estimular o reaquecimento econômico.
As atuais previsões convergem para
um crescimento modesto, com inflação baixa. Ainda que a inflação baixa
deva ser saudada, o cenário em seu
conjunto não é positivo para a criação de vagas de trabalho.
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