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CORRUPÇÃO NA REELEIÇÃO
A CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça) da Câmara deve julgar hoje
os três deputados que, acusados de
receber dinheiro para votar a favor da
emenda da reeleição, não renunciaram a seus mandatos. São eles: Chicão Brígido (PMDB), Zila Bezerra
(PFL) e Osmir Lima (PFL). Os outros
dois envolvidos, Ronivon Santiago e
João Maia (expulsos do PFL, hoje
sem partido), resolveram renunciar.
Revelado em maio pelo repórter
Fernando Rodrigues, desta Folha, o
escândalo da compra de votos foi
abafado pela maioria governista no
Congresso. Diante da gravidade das
denúncias e das suspeitas de que outros políticos pudessem estar envolvidos com suborno, era evidente que
só uma CPI poderia viabilizar as investigações necessárias. E foi exatamente isso que não ocorreu.
Sem os instrumentos próprios da
CPI -a possibilidade de quebra de
sigilo bancário entre eles-, o esclarecimento da verdade ficou prejudicado. O relatório que o deputado
Nelson Otoch (PSDB-CE) apresenta
hoje será fruto de um processo desvirtuado por uma investigação insuficiente e de legitimidade mais do
que duvidosa, dadas as condições em
que se deu. Se, como é lícito esperar,
suas conclusões forem pífias, a CCJ
dará mais um passo para desmoralizar a atividade parlamentar.
A cumplicidade de parte do Congresso com a corrupção e a conivência, velada ou explícita, com a falta de
caráter de certos parlamentares e de
outros políticos notórios, embora
não sejam novidade, não podem ser
toleradas pela opinião pública.
No episódio em questão cabe apontar a responsabilidade do Executivo,
que tratou as denúncias como caso
menor. Ao mesmo tempo em que jogou para a platéia, tentando desconversar, atuou nos bastidores para
barrar a CPI. A estratégia venceu.
Mas, enquanto não se apurar a verdade, a emenda da reeleição continuará
maculada pela suspeita de que foi obtida à custa de corrupção.
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