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CLÓVIS ROSSI
A lógica e a aposta
SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva não precisará pôr muita naftalina
no Armani da posse, porque sua vitória no segundo turno estará assegurada se der a mais elementar lógica.
Vejamos:
1 - Se 46% dos eleitores votaram em
Lula no primeiro turno, podendo votar em Serra, por que votariam em
Serra no segundo turno, podendo repetir o voto em Lula?
Só mesmo se Lula for "desconstruído", hipótese que não está no horizonte conhecido.
Todos os defeitos de Lula já foram
expostos nas quatro campanhas presidenciais de que participou. Se não
se descobrir algo novo ou se não se inventar algo novo (com credibilidade), os 46% podem ser considerados o
ponto de partida de Lula.
2 - Faltam, portanto, pouco mais de
quatro pontos percentuais para que
Lula vença. Consegui-los é fácil: basta, por exemplo, capturar 30% dos
votos que Anthony Garotinho teve no
primeiro turno. Ou 40% dos que foram para Ciro Gomes. Ou 20% de cada um deles.
Parece uma baba, não? Ainda mais
em se considerando que os dois se disseram de oposição, durante a campanha. Por que seus eleitores votariam
em um candidato do governo se continuam tendo à disposição um que
também se diz de oposição?
Muito bem. Mesmo tendo dito tudo
isso, eu não aposto uma nota rasgada
de R$ 1,99 na vitória de Lula (ou de
José Serra).
Lógica e América Latina são duas
entidades que não parecem ter parentesco, próximo ou remoto.
A revista britânica "The Economist", tratada em muitos ambientes
como uma espécie de tábua da lei,
cravou a vitória de Lula no primeiro
turno, no número que ainda está em
circulação.
Se o jornalismo brasileiro caísse em
idêntico voluntarismo, seria ridicularizado como subdesenvolvido.
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