São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

A lógica e a aposta

SÃO PAULO - Luiz Inácio Lula da Silva não precisará pôr muita naftalina no Armani da posse, porque sua vitória no segundo turno estará assegurada se der a mais elementar lógica.
Vejamos:
1 - Se 46% dos eleitores votaram em Lula no primeiro turno, podendo votar em Serra, por que votariam em Serra no segundo turno, podendo repetir o voto em Lula?
Só mesmo se Lula for "desconstruído", hipótese que não está no horizonte conhecido.
Todos os defeitos de Lula já foram expostos nas quatro campanhas presidenciais de que participou. Se não se descobrir algo novo ou se não se inventar algo novo (com credibilidade), os 46% podem ser considerados o ponto de partida de Lula.
2 - Faltam, portanto, pouco mais de quatro pontos percentuais para que Lula vença. Consegui-los é fácil: basta, por exemplo, capturar 30% dos votos que Anthony Garotinho teve no primeiro turno. Ou 40% dos que foram para Ciro Gomes. Ou 20% de cada um deles.
Parece uma baba, não? Ainda mais em se considerando que os dois se disseram de oposição, durante a campanha. Por que seus eleitores votariam em um candidato do governo se continuam tendo à disposição um que também se diz de oposição?
Muito bem. Mesmo tendo dito tudo isso, eu não aposto uma nota rasgada de R$ 1,99 na vitória de Lula (ou de José Serra).
Lógica e América Latina são duas entidades que não parecem ter parentesco, próximo ou remoto.
 

A revista britânica "The Economist", tratada em muitos ambientes como uma espécie de tábua da lei, cravou a vitória de Lula no primeiro turno, no número que ainda está em circulação.
Se o jornalismo brasileiro caísse em idêntico voluntarismo, seria ridicularizado como subdesenvolvido.


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