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Depois da fúria
Novos dados matizam hipóteses catastrofistas acerca do desempenho da economia americana após o abalo de agosto
AOS POUCOS , as estatísticas ajudam a desfazer
os cenários mais catastrofistas sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos, abalada pela recessão imobiliária e por suas repercussões financeiras.
Cento e dez mil novos empregos surgiram em setembro, segundo o Departamento do Trabalho. Além disso, foram revistas
as estimativas sobre o desempenho do mercado de trabalho durante o mês de agosto. Inicialmente, havia sido registrada uma
perda de 4.000 postos. O dado
após a revisão revelou a criação
de 89 mil ocupações.
Tais indicadores surpreenderam positivamente os analistas,
que haviam passado por dias de
pânico nos dois meses anteriores. No auge da crise, entre 27 de
julho e 12 de setembro, os principais bancos centrais injetaram
na economia global volume de
recursos estimado em US$ 3,2
trilhões. O equivalente a três
PIBs brasileiros foi emprestado
aos bancos, em situação de urgência, para evitar o descalabro.
O Fed (BC americano) também foi agressivo ao diminuir
em meio ponto percentual sua
taxa de juros de curto prazo, em
18 de setembro. A atuação contundente das autoridades monetárias debelou o risco de colapso.
Restaurado um mínimo de confiança nos agentes financeiros, a
desaceleração da economia americana -e, por conseguinte, da
mundial- pode ser menor que a
esperada nos dias de fúria.
Essa perspectiva benigna é reforçada pelas estimativas do
FMI sobre as possíveis perdas
diretas dos grandes bancos com
o mercado imobiliário -não ultrapassariam 0,04% do seu capital total. Mesmo levando em
conta perdas indiretas, relacionadas à queda nos preços dos ativos por exemplo, o Fundo avalia
que o sistema financeiro global
não terá grande dificuldade para
administrar a repercussão da especulação desenfreada, baseada
em dívidas de pessoas com alto
potencial de inadimplência.
O cenário de "soft landing"
(pouso suave) para a economia
americana seria benigno para o
Brasil -a começar pela perspectiva favorável às exportações
brasileiras. Uma ampliação nos
fluxos de capitais em direção a
aplicações denominadas em real
também tende a se solidificar. Já
estaríamos assistindo à "avant-première" desse fenômeno.
Mas será preciso esperar mais
alguns lances, em especial no
complexo tabuleiro dos EUA, para que se confirme a volta da confiança no crescimento mundial.
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