São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Depois da fúria

Novos dados matizam hipóteses catastrofistas acerca do desempenho da economia americana após o abalo de agosto

AOS POUCOS , as estatísticas ajudam a desfazer os cenários mais catastrofistas sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos, abalada pela recessão imobiliária e por suas repercussões financeiras.
Cento e dez mil novos empregos surgiram em setembro, segundo o Departamento do Trabalho. Além disso, foram revistas as estimativas sobre o desempenho do mercado de trabalho durante o mês de agosto. Inicialmente, havia sido registrada uma perda de 4.000 postos. O dado após a revisão revelou a criação de 89 mil ocupações.
Tais indicadores surpreenderam positivamente os analistas, que haviam passado por dias de pânico nos dois meses anteriores. No auge da crise, entre 27 de julho e 12 de setembro, os principais bancos centrais injetaram na economia global volume de recursos estimado em US$ 3,2 trilhões. O equivalente a três PIBs brasileiros foi emprestado aos bancos, em situação de urgência, para evitar o descalabro.
O Fed (BC americano) também foi agressivo ao diminuir em meio ponto percentual sua taxa de juros de curto prazo, em 18 de setembro. A atuação contundente das autoridades monetárias debelou o risco de colapso. Restaurado um mínimo de confiança nos agentes financeiros, a desaceleração da economia americana -e, por conseguinte, da mundial- pode ser menor que a esperada nos dias de fúria.
Essa perspectiva benigna é reforçada pelas estimativas do FMI sobre as possíveis perdas diretas dos grandes bancos com o mercado imobiliário -não ultrapassariam 0,04% do seu capital total. Mesmo levando em conta perdas indiretas, relacionadas à queda nos preços dos ativos por exemplo, o Fundo avalia que o sistema financeiro global não terá grande dificuldade para administrar a repercussão da especulação desenfreada, baseada em dívidas de pessoas com alto potencial de inadimplência.
O cenário de "soft landing" (pouso suave) para a economia americana seria benigno para o Brasil -a começar pela perspectiva favorável às exportações brasileiras. Uma ampliação nos fluxos de capitais em direção a aplicações denominadas em real também tende a se solidificar. Já estaríamos assistindo à "avant-première" desse fenômeno.
Mas será preciso esperar mais alguns lances, em especial no complexo tabuleiro dos EUA, para que se confirme a volta da confiança no crescimento mundial.


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