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Mau começo
NÃO OMEÇOU bem no Senado a regulamentação da
emenda constitucional
da saúde. O projeto de lei complementar pretende disciplinar
repasses e definir critérios sobre
o que pode e o que não pode ser
considerado despesa no setor.
Os titulares da Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE), é
preciso reconhecer, evitaram pelo menos um grande equívoco
contido na proposta original. Ela
substituía o critério para estabelecer o montante mínimo que a
União deve despender na área.
Em vez do orçamento do ano anterior mais a variação do PIB nominal -estabelecida temporariamente pela 29ª emenda à Carta, aprovada em 2000-, pretendia instituir o percentual de 10%
da receita federal bruta.
Se tal índice fosse adotado, a
despesa teria de aumentar em
R$ 20 bilhões já no ano que vem,
sem previsão de cortes em outras
áreas -senha para novo ataque
ao bolso do contribuinte. Além
disso, o dispositivo elevaria a
parcela do Orçamento engessada
por gastos obrigatórios, dificultando ainda mais o manejo fiscal.
A despeito de terem acertado
ao derrubar o indexador proposto, os senadores da CAE também
acrescentaram itens problemáticos ao projeto de lei. Sob pressão
de governos estaduais e do federal, admitiram considerar como
gastos em saúde despesas com
aposentados e pensionistas do
setor e investimentos em saneamento básico para cidades de até
50 mil habitantes.
Mas o pior foi terem alterado o
critério de distribuição de 25%
dos recursos repassados pela
União a Estados e municípios.
Em vez do número de habitantes, que hoje vigora, copiou-se o
método do Fundo de Participação dos Estados, que destina
mais dinheiro às áreas de menor
poder aquisitivo. Numa penada,
as redes de saúde de Estados populosos como São Paulo e Rio
perderiam centenas de milhões
de reais de um ano para o outro.
Não é razoável aumentar os repasses a Estados do Nordeste e
do Norte golpeando sistemas de
saúde pública ao sul -seria péssima política nacional. Para que
os investimentos em saúde tenham o retorno esperado, é preciso que exista uma estrutura na
qual colocar dinheiro. Alguns
dos Estados e municípios mais
pobres -que não cumprem metas da emenda 29- não possuem
hospitais e unidades de atendimento nos quais alocar verbas.
Que o Senado corrija o erro ao
longo do trâmite da matéria.
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