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LUIZ FERNANDO VIANNA
A Olimpíada de Roberto
RIO DE JANEIRO - Os governantes brasileiros prometeram ao Comitê Olímpico Internacional investir R$ 8,9 bilhões para melhorar os
transportes do Rio até 2016. O governador Sérgio Cabral quer mais:
já disse que vai levar o metrô até a
Barra da Tijuca.
Cabral podia começar a enfrentar
o problema resolvendo a vida de
pessoas como Roberto. Morador de
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Roberto pega todo dia uma
van, a R$ 5, para trabalhar na limpeza de uma empresa no centro do
Rio. Na volta, mais R$ 5.
Desde 10 de setembro, com as
vans intermunicipais (agora licitadas e uniformizadas) sob proibição
de circular pelo centro e obrigadas a
parar em frente à desativada estação de trens da Leopoldina, Roberto paga mais R$ 2,20 por um ônibus
até o serviço e outros R$ 2,20 para
voltar à Leopoldina.
Quatro dias após mudar o sistema, o Detro (Departamento de
Transportes Rodoviários) se lembrou de criar linhas de ônibus gratuitas. Mas Roberto leva até 40 minutos na fila para conseguir um lugar. Prefere pagar e não se atrasar.
É possível que já na próxima semana os 26 mil usuários de vans
Baixada-Rio possam usar o seu Riocard (cartão com créditos) para pagar as passagens. Mas a maioria dos
empregadores, entre eles o de Roberto, arca apenas com o valor padrão dos ônibus (R$ 4,40 por dia). O
prejuízo continuará grande.
E o Rio não tem bilhete único,
promessa de todos os candidatos
esquecida por todos os vencedores.
Ontem, um trem da concessionária Supervia enguiçou em Nilópolis,
na Baixada, e deixou desesperadas
as cerca de 30 mil pessoas que usam
pela manhã o ramal de Japeri. A polícia de Cabral as tratou com bombas, cassetetes e balas de borracha.
De alguma forma, o governo estadual está enfrentando o problema
dos transportes.
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