São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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LUIZ FERNANDO VIANNA

A Olimpíada de Roberto

RIO DE JANEIRO - Os governantes brasileiros prometeram ao Comitê Olímpico Internacional investir R$ 8,9 bilhões para melhorar os transportes do Rio até 2016. O governador Sérgio Cabral quer mais: já disse que vai levar o metrô até a Barra da Tijuca.
Cabral podia começar a enfrentar o problema resolvendo a vida de pessoas como Roberto. Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Roberto pega todo dia uma van, a R$ 5, para trabalhar na limpeza de uma empresa no centro do Rio. Na volta, mais R$ 5.
Desde 10 de setembro, com as vans intermunicipais (agora licitadas e uniformizadas) sob proibição de circular pelo centro e obrigadas a parar em frente à desativada estação de trens da Leopoldina, Roberto paga mais R$ 2,20 por um ônibus até o serviço e outros R$ 2,20 para voltar à Leopoldina.
Quatro dias após mudar o sistema, o Detro (Departamento de Transportes Rodoviários) se lembrou de criar linhas de ônibus gratuitas. Mas Roberto leva até 40 minutos na fila para conseguir um lugar. Prefere pagar e não se atrasar.
É possível que já na próxima semana os 26 mil usuários de vans Baixada-Rio possam usar o seu Riocard (cartão com créditos) para pagar as passagens. Mas a maioria dos empregadores, entre eles o de Roberto, arca apenas com o valor padrão dos ônibus (R$ 4,40 por dia). O prejuízo continuará grande.
E o Rio não tem bilhete único, promessa de todos os candidatos esquecida por todos os vencedores.
Ontem, um trem da concessionária Supervia enguiçou em Nilópolis, na Baixada, e deixou desesperadas as cerca de 30 mil pessoas que usam pela manhã o ramal de Japeri. A polícia de Cabral as tratou com bombas, cassetetes e balas de borracha. De alguma forma, o governo estadual está enfrentando o problema dos transportes.


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