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KENNETH MAXWELL
Os encrenqueiros
HONDURAS EVIDENTEMENTE não é prioridade para
Barack Obama. Pouco
maior do que Santa Catarina, e
com 7 milhões de habitantes, o país
envia aos EUA 70% de suas exportações. Honduras depende dos
EUA de maneira quase patética.
Mas a confusão na política norte-americana quanto a Honduras
criou uma oportunidade para muitos que não desejam o melhor para
Obama. O conflito entre o presidente deposto, Manuel Zelaya, e o
governo sucessor, liderado por Roberto Micheletti, tem motivos sérios. Mas resta o fato de que Zelaya
foi removido da Presidência pelas
Forças Armadas hondurenhas e
conduzido, ainda de pijama, a um
avião que o transportou para a Costa Rica. Todos os membros da Organização dos Estados Americanos
(OEA) condenaram o golpe.
Zelaya está fazendo uma jogada
perigosa em Honduras. Ele conta
com o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que sem
dúvida aconselhou Zelaya a retornar a Honduras clandestinamente.
Quando ele apareceu inesperadamente na embaixada brasileira em
Tegucigalpa, o Brasil teve de enfrentar as consequências. Mas a
política adotada pelos EUA não
ajudou. Especialmente porque o
vácuo foi ocupado pelo senador
Jim DeMint, republicano da Carolina do Sul, que é um dos mais severos críticos de Obama.
DeMint foi o único senador, excetuado John Kerry, presidente do
Comitê de Relações Exteriores do
Senado, a participar das audiências
sobre os indicados de Obama para
a América Latina. Subsequentemente, ele bloqueou Arturo Valenzuela, apontado por Obama como
secretário assistente de Estado para o hemisfério ocidental, e Thomas Shannon, que o presidente
apontou embaixador ao Brasil. Como o governo não conta com os votos necessários para derrubar esse
bloqueio no Senado -são necessários 60-, a política dos EUA para a
América Latina está no limbo.
Os conservadores se uniram em
apoio a DeMint. Na semana passada, o senador Kerry recusou permissão a DeMint para visitar Honduras. Mas o senador Mitch
McConnell, do Kentucky, líder da
bancada republicana no Senado,
interveio e aprovou a viagem. A deputada Illeana Ros-Lehtinen, líder
da bancada republicana no Comitê
de Assuntos Internacionais da Câmara, acompanhada por Lincoln e
Mario Diaz-Bellart, políticos norte-americanos de ascendência cubana que, como ela, representam a
Flórida, chegou a Tegucigalpa na
segunda-feira em uma "missão de
busca de informações".
O senador DeMint ganhou notoriedade ao declarar, sobre o programa de reforma de saúde de Obama, que "isso será seu Waterloo.
Ele sairá derrotado". Infelizmente,
o presidente deu espaço a DeMint
para criar ainda mais problemas.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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