São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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KENNETH MAXWELL

Os encrenqueiros

HONDURAS EVIDENTEMENTE não é prioridade para Barack Obama. Pouco maior do que Santa Catarina, e com 7 milhões de habitantes, o país envia aos EUA 70% de suas exportações. Honduras depende dos EUA de maneira quase patética.
Mas a confusão na política norte-americana quanto a Honduras criou uma oportunidade para muitos que não desejam o melhor para Obama. O conflito entre o presidente deposto, Manuel Zelaya, e o governo sucessor, liderado por Roberto Micheletti, tem motivos sérios. Mas resta o fato de que Zelaya foi removido da Presidência pelas Forças Armadas hondurenhas e conduzido, ainda de pijama, a um avião que o transportou para a Costa Rica. Todos os membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenaram o golpe.
Zelaya está fazendo uma jogada perigosa em Honduras. Ele conta com o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que sem dúvida aconselhou Zelaya a retornar a Honduras clandestinamente.
Quando ele apareceu inesperadamente na embaixada brasileira em Tegucigalpa, o Brasil teve de enfrentar as consequências. Mas a política adotada pelos EUA não ajudou. Especialmente porque o vácuo foi ocupado pelo senador Jim DeMint, republicano da Carolina do Sul, que é um dos mais severos críticos de Obama.
DeMint foi o único senador, excetuado John Kerry, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, a participar das audiências sobre os indicados de Obama para a América Latina. Subsequentemente, ele bloqueou Arturo Valenzuela, apontado por Obama como secretário assistente de Estado para o hemisfério ocidental, e Thomas Shannon, que o presidente apontou embaixador ao Brasil. Como o governo não conta com os votos necessários para derrubar esse bloqueio no Senado -são necessários 60-, a política dos EUA para a América Latina está no limbo.
Os conservadores se uniram em apoio a DeMint. Na semana passada, o senador Kerry recusou permissão a DeMint para visitar Honduras. Mas o senador Mitch McConnell, do Kentucky, líder da bancada republicana no Senado, interveio e aprovou a viagem. A deputada Illeana Ros-Lehtinen, líder da bancada republicana no Comitê de Assuntos Internacionais da Câmara, acompanhada por Lincoln e Mario Diaz-Bellart, políticos norte-americanos de ascendência cubana que, como ela, representam a Flórida, chegou a Tegucigalpa na segunda-feira em uma "missão de busca de informações".
O senador DeMint ganhou notoriedade ao declarar, sobre o programa de reforma de saúde de Obama, que "isso será seu Waterloo.
Ele sairá derrotado". Infelizmente, o presidente deu espaço a DeMint para criar ainda mais problemas.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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