|
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Defesa lenta
Forças Armadas, que devem participar de missão da ONU no Oriente Médio, ainda esperam governo decidir sobre compra de caças
No momento em que adquire
mais peso e candidata-se a assumir novas responsabilidades no
cenário internacional, faz sentido
o Brasil ampliar sua presença em
iniciativas de manutenção de paz
patrocinadas pela ONU.
É nesse contexto que devem ser
observadas as tratativas para que
oficiais brasileiros assumam uma
posição de destaque na Unifil,
missão que atua no sul do Líbano.
É também nesse quadro que se
inscrevem as negociações lideradas pelo governo federal com vistas a dotar as Forças Armadas de
melhores condições para exercer
sua função de defesa nacional.
No primeiro caso, conforme revelou a Folha, já existe um pré-acordo, ainda a ser apreciado pelo
Congresso, para o Brasil assumir o
comando da força naval da Unifil,
atualmente a cargo da Itália.
Num segundo estágio, o país
enviaria até 300 homens para a
missão, que hoje dispõe de 11.449
soldados de 31 países.
Se confirmado, esse seria o segundo contingente militar no exterior mais significativo do Brasil,
atrás dos cerca de 2.000 militares
atualmente no Haiti.
A tarefa não é trivial. A Unifil,
criada em 1978, tem como objetivo
evitar confrontos entre o Exército
de Israel e militantes do Hizbollah, milícia extremista que não
aceita o Estado judaico. Desde que
foi criada, a missão não conseguiu
impedir a eclosão de dois grandes
conflitos, o mais recente em 2006.
Participar dessa força é uma forma mais eficaz de o Brasil estar
presente no Oriente Médio do que
por meio de investidas diplomáticas vistosas, mas desvinculadas
dos interesses objetivos do país.
Quanto ao reaparelhamento
das Forças Armadas, deve se nortear pelo intuito de dotá-las de efetivo poder de dissuasão, capacidade de monitorar o território (e os
mares), mais mobilidade e melhores condições para atuar nas fronteiras. É o que o governo afirma ter
como meta, além da vontade de
adquirir tecnologia em compras
de armamento do exterior.
Indefinições quanto a isso,
aliás, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, são o fator a retardar a aquisição de 36 caças de
fabricantes estrangeiros que disputam um negócio que pode chegar a R$ 16 bilhões -pouco mais
de 25% do orçamento do ministério para este ano.
A julgar pela lentidão governamental, o aumento da capacidade
de defesa do país não tem nenhuma pressa. A decisão sobre os caças arrasta-se desde os tempos de
Fernando Henrique Cardoso. Cercado de névoas e marcado por
idas e vindas, o processo de compra transformou-se, como disse o
ministro, numa "chorumela".
Agora, o presidente Lula, segundo Jobim, pretende consultar
seu sucessor para decidir -o que
só aumenta as expectativas de um
novo adiamento.
Próximo Texto: Editoriais: Sigiloso tribunal militar
Índice | Comunicar Erros
|