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Editoriais
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PF sem controle
A LUTA entre facções da Polícia Federal já ultrapassou todos os limites. A batalha ganhou vida própria, o que
ameaça a credibilidade do órgão,
desafia a hierarquia institucional
e dissemina, por onde passa, desrespeito a garantias básicas dos
cidadãos.
Descobre-se agora, por meio
de reportagem desta Folha, que
a equipe da PF incumbida de investigar abusos policiais cometidos na chamada operação Satiagraha também recorreu a subterfúgios abusivos. Sem autorização judicial, a apuração, a cargo da Corregedoria do órgão, obteve dados sobre o sigilo telefônico de algumas pessoas, inclusive de jornalistas, a pretexto de
investigar a hipótese de vazamento de informações no dia em
que a operação foi deflagrada.
A Satiagraha lançou mão de estratagemas estapafúrdios, como
o uso de agentes da Abin para
auxiliar a investigação. Além disso, enveredou numa cruzada
ideológica e intimidatória contra
jornalistas e meios de comunicação -o pedido de detenção de
uma repórter deste jornal chegou a ser solicitado pela PF, embora tenha sido devidamente negado pela Justiça.
A liberalidade na concessão e
no controle, pelo Judiciário, de
autorizações para grampos telefônicos também entrou em debate por conta da Satiagraha.
Quando a "grampolândia" chegou ao gabinete da Presidência, o
governo Lula resolveu patrocinar uma revisão na legislação
das escutas telefônicas, o que de
resto era mesmo necessário.
O que espanta, contudo, é que
a PF não tenha aprendido nada
com todo esse episódio. Chega a
ser acintoso que uma equipe de
policiais escalada para verificar a
correção do trabalho de colegas
incorra, ela própria, em arbitrariedades contra garantias constitucionais. A Polícia Federal precisa de mais controle.
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