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EMÍLIO ODEBRECHT
Papel social
das empresas
HOJE, COBRA-SE das empresas que estejam vigilantes
quanto ao seu papel social.
É correto que assim seja.
Preservar o meio ambiente, usar
com parcimônia os recursos naturais e oferecer oportunidades de
realização profissional, econômica
e emocional a seus integrantes,
principalmente mediante o desafio
da autorremuneração, ou seja, da
participação nos resultados que geram, são algumas das responsabilidades precípuas que as companhias têm perante a sociedade.
Sei que é preciso ir além, mas não
acredito na mera caridade. O assistencialismo só faz sentido em situações limite. Praticado sem critérios, pode transformar em pedintes permanentes aqueles que recebem a ajuda.
As ações sociais das empresas
devem tornar as pessoas agentes
do próprio destino, capazes de prover a si mesmas condições dignas
de vida, e é adequado que tenham
conexão com suas atividades fim.
Um exemplo que conheço bem e
do qual, como empresário, participo, acontece em Angola. Lá, investimos em educação, construímos
postos de saúde, disseminamos
técnicas de prevenção da malária,
fornecemos estrutura às campanhas públicas de vacinação e apoiamos o combate ao HIV/Aids.
Agimos assim por compromisso
com a mudança nos padrões de vida daquela nação e porque qualquer projeto empresarial passa pela qualificação profissional e pela
preservação da saúde dos jovens
que, no futuro, como operários,
técnicos ou executivos, tornarão
esse projeto realidade.
Ações de responsabilidade social
com o enfoque descrito acima não
são, portanto, simples benemerência. São investimentos.
Os problemas sociais e ambientais em diversas partes do mundo
são, hoje, tão grandes que as empresas ou ajudam a resolvê-los ou
perecerão com a sociedade.
Lembremos que, atualmente, o
consumidor sabe bem quais companhias são solidárias e quais não
são -e aprendeu a optar pelas
primeiras.
Há, finalmente, a questão da retenção de talentos. Os jovens que
estão iniciando suas vidas profissionais tenderão a vincular-se de
forma permanente àquelas organizações cujas ações sociais sejam
parte da estratégia dos negócios.
A sociedade contemporânea se
tornou complexa e está repleta de
demandas. Somos, hoje, quase 7 bilhões de pessoas no planeta, e os
governos espalhados pelo globo já
não conseguem dar conta sozinhos
das necessidades econômicas, educacionais e sociais de seus povos.
Cabe, então, às empresas suprir
parte de tais necessidades, pois
têm recursos e competência para
tanto -e podem assumir esse compromisso como um dever.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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