São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

Papel social das empresas

HOJE, COBRA-SE das empresas que estejam vigilantes quanto ao seu papel social. É correto que assim seja.
Preservar o meio ambiente, usar com parcimônia os recursos naturais e oferecer oportunidades de realização profissional, econômica e emocional a seus integrantes, principalmente mediante o desafio da autorremuneração, ou seja, da participação nos resultados que geram, são algumas das responsabilidades precípuas que as companhias têm perante a sociedade.
Sei que é preciso ir além, mas não acredito na mera caridade. O assistencialismo só faz sentido em situações limite. Praticado sem critérios, pode transformar em pedintes permanentes aqueles que recebem a ajuda.
As ações sociais das empresas devem tornar as pessoas agentes do próprio destino, capazes de prover a si mesmas condições dignas de vida, e é adequado que tenham conexão com suas atividades fim.
Um exemplo que conheço bem e do qual, como empresário, participo, acontece em Angola. Lá, investimos em educação, construímos postos de saúde, disseminamos técnicas de prevenção da malária, fornecemos estrutura às campanhas públicas de vacinação e apoiamos o combate ao HIV/Aids.
Agimos assim por compromisso com a mudança nos padrões de vida daquela nação e porque qualquer projeto empresarial passa pela qualificação profissional e pela preservação da saúde dos jovens que, no futuro, como operários, técnicos ou executivos, tornarão esse projeto realidade.
Ações de responsabilidade social com o enfoque descrito acima não são, portanto, simples benemerência. São investimentos.
Os problemas sociais e ambientais em diversas partes do mundo são, hoje, tão grandes que as empresas ou ajudam a resolvê-los ou perecerão com a sociedade.
Lembremos que, atualmente, o consumidor sabe bem quais companhias são solidárias e quais não são -e aprendeu a optar pelas primeiras.
Há, finalmente, a questão da retenção de talentos. Os jovens que estão iniciando suas vidas profissionais tenderão a vincular-se de forma permanente àquelas organizações cujas ações sociais sejam parte da estratégia dos negócios.
A sociedade contemporânea se tornou complexa e está repleta de demandas. Somos, hoje, quase 7 bilhões de pessoas no planeta, e os governos espalhados pelo globo já não conseguem dar conta sozinhos das necessidades econômicas, educacionais e sociais de seus povos.
Cabe, então, às empresas suprir parte de tais necessidades, pois têm recursos e competência para tanto -e podem assumir esse compromisso como um dever.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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