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VENEZUELA EM CRISE
Numa América Latina sacudida
por crises econômicas agudas,
como a da Argentina, e crises sociais
crônicas, como a da Colômbia, a Venezuela parece estar tomando seu espaço como exemplo de crise institucional. O reflexo mais recente dessa
crise é a paralisação geral convocada
pela maior associação patronal do
país para esta segunda-feira. Não se
trata apenas de um locaute: o principal sindicato dos petroleiros e os sindicatos de funcionários públicos
afirmam que vão aderir.
Pretendem protestar contra leis que
restringem o direito à propriedade e
outorga poderes discricionários a
funcionários públicos. Para os empresários, o pacote afugenta investimentos e sufoca a iniciativa privada.
Mas o problema no país parece ser
mais de fundo: a "revolução bolivariana" promovida por Hugo Chávez
desde que assumiu a Presidência, em
99, solapou as instituições do país a
tal ponto que o temor maior parece
ser o da instalação de uma ditadura.
Baseado em índices de popularidade
de até 80%, Chávez levou a cabo uma
"depuração" no Judiciário e, abusando do populismo messiânico, acumulou poderes quase ilimitados.
Em termos de popularidade, essa
política foi dando relativamente certo enquanto os preços internacionais
do petróleo, principal produto venezuelano, lhe eram favoráveis. Agora,
com a baixa dos preços, os problemas afloram. E afloram num perigoso vazio institucional.
Nesse meio tempo, Chávez entrou
em confronto com a Igreja Católica,
com os empresários e com os sindicatos. "O presidente parece que finalmente uniu toda a Venezuela, só
que contra ele. Agora entramos numa fase decisiva, a de radicalização",
afirmou à Folha o jornalista Roberto
Giusti, articulista do diário venezuelano "El Espectador".
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