São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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VENEZUELA EM CRISE

Numa América Latina sacudida por crises econômicas agudas, como a da Argentina, e crises sociais crônicas, como a da Colômbia, a Venezuela parece estar tomando seu espaço como exemplo de crise institucional. O reflexo mais recente dessa crise é a paralisação geral convocada pela maior associação patronal do país para esta segunda-feira. Não se trata apenas de um locaute: o principal sindicato dos petroleiros e os sindicatos de funcionários públicos afirmam que vão aderir.
Pretendem protestar contra leis que restringem o direito à propriedade e outorga poderes discricionários a funcionários públicos. Para os empresários, o pacote afugenta investimentos e sufoca a iniciativa privada.
Mas o problema no país parece ser mais de fundo: a "revolução bolivariana" promovida por Hugo Chávez desde que assumiu a Presidência, em 99, solapou as instituições do país a tal ponto que o temor maior parece ser o da instalação de uma ditadura. Baseado em índices de popularidade de até 80%, Chávez levou a cabo uma "depuração" no Judiciário e, abusando do populismo messiânico, acumulou poderes quase ilimitados.
Em termos de popularidade, essa política foi dando relativamente certo enquanto os preços internacionais do petróleo, principal produto venezuelano, lhe eram favoráveis. Agora, com a baixa dos preços, os problemas afloram. E afloram num perigoso vazio institucional.
Nesse meio tempo, Chávez entrou em confronto com a Igreja Católica, com os empresários e com os sindicatos. "O presidente parece que finalmente uniu toda a Venezuela, só que contra ele. Agora entramos numa fase decisiva, a de radicalização", afirmou à Folha o jornalista Roberto Giusti, articulista do diário venezuelano "El Espectador".


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