São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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FERNANDO RODRIGUES

A última do PFL contra Serra

BRASÍLIA - Desinteressantes para a esmagadora maioria dos brasileiros, as manobras de bastidores da sucessão presidencial têm causado muitas emoções entre os pré-candidatos governistas. Tem mentira, traição, puxada de tapete. O lance mais recente foi do PFL contra o tucano José Serra.
O ministro da Saúde planeja sair do cargo no início de 2002. No mesmo momento em que Roseana Sarney (PFL) poderia cair um pouco nas pesquisas de opinião por causa do hiato político de final de ano. Serra pretendia ocupar esse possível vácuo e romper a barreira dos 10%.
Boa aposta. Mas o PFL detectou a estratégia. Tomou providências. Antecipou sua propaganda eleitoral na TV de maio para 31 de janeiro.
A cada semestre, os grandes partidos têm direito a 20 minutos em rede nacional de TV. O PFL usará esse tempo para incensar Roseana. Repetirá a trilha usada recentemente.
Além dos 20 minutos corridos, cada partido tem outros 40 minutos divididos em inserções menores ao longo da programação. O PFL mostrará Roseana em dropes nos intervalos comerciais a partir de 15 de janeiro. Serão, possivelmente, 80 comerciais de 30 segundos cada um, em todos os canais. Um bombardeio e tanto.
A cúpula pefelista espera dois resultados. Primeiro, impedir uma queda de Roseana nas pesquisas (ou, de preferência, catapultá-la para a casa dos 25%). Segundo, neutralizar a investida de marketing do tucano José Serra no início de 2002.
Poderá acontecer com Serra o que sucedeu a Tasso Jereissati. Quando o cearense se apresentava para a disputa, bateu de frente com a presença maciça de Roseana na TV. Tasso ficou empacado nos 3% ou 4%.
Tudo bem que Serra já está na casa dos 10%. E pode até pular para 13% ou 14%. Mas, se der certo a jogada do PFL, será praticamente impossível encontrar argumentos para que o tucano seja o candidato governista no lugar de alguém que já passou dos 20% na preferência do eleitorado.


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