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CARGOS PARA MARTA
Foi aprovado projeto de lei da
prefeitura de São Paulo com vistas a acelerar a descentralização administrativa, concedendo mais poderes às subprefeituras -num total
de 31. Descentralizar a administração de São Paulo é uma exigência antiga, face às enormes dimensões da
cidade. A questão é que a mudança
na administração está ocorrendo
aparentemente sem que se tenha
procedido a uma racionalização
mais criteriosa das diversas secretarias cujas funções serão transferidas
às subprefeituras. Nesse sentido, a
experiência corre o risco de acabar
gerando, ao menos nessa fase, mais
problemas do que soluções.
Além disso, o projeto aprovado
prevê a abertura de 465 novos cargos
de confiança, que serão preenchidos
por funcionários dispensados de
concurso público. Trata-se de uma
afronta a um princípio republicano
consagrado. Essa longa lista de contratações de livre nomeação lança
desconfianças sobre possíveis desvios, especialmente num ano eleitoral, como será 2004, quando a prefeita Marta Suplicy tentará conquistar
um novo mandato.
Como receiam alguns, as subprefeituras correm o risco de ser ocupadas por "cabos eleitorais" e transformadas em "aparelhos" políticos a
serviço da reeleição. São temores que
não parecem infundados, dado o
histórico do uso da máquina administrativa para fins eleitorais no país.
A proximidade das eleições exige
que a opinião pública redobre a vigilância sobre artifícios que frequentemente são utilizados para favorecer
os políticos que se encontram no poder. Por ser estratégico para o PT,
que ocupa o governo federal, o pleito
que terá lugar em São Paulo merece
ser observado com toda a atenção.
Sobre os cargos agora criados, a
prefeita, como não poderia deixar de
ser, assegura que serão preenchidos
com "critérios técnicos". Se é assim,
por que então não submeter os candidatos a concurso?
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