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Alerta geral
Expectativas sobre a economia brasileira se deterioraram depressa e exigem, para logo, uma queda dos juros básicos
A MOEDA brasileira continua a desvalorizar-se
em ritmo acentuado.
Desde 1º de agosto, o
real já perdeu quase 60% de seu
valor diante do dólar. A aversão
ao risco desencadeou uma fuga
de investidores, em âmbito mundial, para o abrigo da moeda
americana. Houve ainda um aumento de remessas de lucros e
dividendos para as matrizes de
bancos e de corporações contaminadas pela crise financeira.
A crise de confiança no sistema
financeiro também reduziu a
oferta -elevou os custos e reduziu os prazos- dos empréstimos
em moeda estrangeira. Não se
pode esquecer ainda das perdas
de algumas empresas brasileiras
com operações arriscadas em derivativos de câmbio, forçando-as
a adquirir dólar no mercado para
honrar suas obrigações. Tudo isso colocou pressão sobre o mercado cambial doméstico.
Ainda assim, o saldo entre
compras e vendas de moeda estrangeira se mantém positivo em
US$ 5,4 bilhões, no período de
janeiro a novembro de 2008. Esse dado não corrobora uma desvalorização tão abrupta, tão ampla e tão persistente do real.
Um dos focos da depreciação
cambial é o mercado de derivativos cambiais da BM&F. Ao oferecer "swaps" cambiais -que nada mais são do que venda de dólares no futuro-, o Banco Central sanciona as apostas na desvalorização da moeda brasileira.
O preço futuro afeta a cotação à
vista. As autoridades precisam,
assim, estudar outras formas de
intervir no câmbio, como limitar
as posições dos investidores no
mercado futuro de moedas.
Caso contrário, a maxidesvalorização cambial pode contaminar o processo de formação de
preços doméstico. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que baliza a meta de inflação, registrou alta de 0,36% em
novembro, segundo o IBGE.
No acumulado do ano, o indicador atinge 5,6%. As expectativas de agentes do mercado projetam o índice em 5,2% para o ano
que vem. Por ora, a despeito da
desvalorização aguda, a inflação
permanece dentro da margem
de tolerância de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, da meta de 4,5%.
A economia brasileira apresentou sinais de abrupta desaceleração em outubro e novembro.
Aumentou a probabilidade de
ocorrer queda no PIB do último
trimestre e no primeiro quarto
de 2009. Diante de cenários semelhantes, vários países estão
reduzindo suas taxas básicas de
juros -medida que seria facilitada, no Brasil, se o governo contivesse o gasto público.
Na semana passada, os bancos
centrais da zona do euro, da Inglaterra, da Suécia, da Indonésia
e da Nova Zelândia reduziram os
juros. No Brasil, o mercado de juros na BM&F já passou a projetar uma queda na Selic.
O Comitê de Política Monetária, que se reúne a partir de amanhã para decidir sobre a taxa de
juros de curto prazo, está diante
de duas tendências conflitantes.
A disparada do dólar poderá
frustrar aqueles que esperam
uma redução da Selic para já.
Mas essa decisão não poderá ser
postergada por muito tempo.
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