São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Terror pelo terror

NO DIA 30 de dezembro, terroristas bascos plantaram 200 kg de explosivos num estacionamento do aeroporto de Barajas, em Madri. A bomba explodiu, matando duas pessoas e interrompendo o processo de paz entre o governo espanhol e o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, "pátria basca e liberdade"), última organização terrorista ativa na Europa ocidental.
O premiê José Luis Rodríguez Zapatero é outra vítima. O socialista apostara alto na paz. Um dia antes do ataque, num balanço de final de ano, citou a "trégua permanente" firmada em março com o ETA como a principal realização de seu governo. O revés dá discurso à oposição conservadora, que desde o início se opôs ao diálogo com o grupo.
Não se sabe ao certo por que o ETA violou a trégua. No plano das especulações, afirma-se que idas e vindas são relativamente normais nessas circunstâncias. O mesmo ocorreu na Irlanda do Norte, onde facções do IRA (Exército Republicano Irlandês) também cometeram atentados durante o processo de paz.
Seja como for, é difícil até imaginar um erro maior que os terroristas bascos pudessem ter cometido. Ao rejeitar o diálogo, ficaram sem nada e ainda atrairão para si mais repressão, além da antipatia crescente de espanhóis e dos próprios bascos.
A bomba de Barajas foi um delírio dentro do delírio que já é a "causa" basca. O propósito do ETA não encontra amparo nem mesmo nos pretextos em geral usados por outros grupos terroristas, como pobreza, segregação social ou perseguição religiosa.
A Espanha é uma democracia plena. O País Basco, que o ETA pretende "libertar", é uma das regiões mais prósperas da Europa, desfrutando de elevado grau de autonomia administrativa. Os separatistas não contam nem sequer com a simpatia da própria população. Praticam o terror pelo terror, matam por estilo.


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