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Terror pelo terror
NO DIA 30 de dezembro,
terroristas bascos plantaram 200 kg de explosivos
num estacionamento do aeroporto de Barajas, em Madri. A
bomba explodiu, matando duas
pessoas e interrompendo o processo de paz entre o governo espanhol e o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, "pátria basca e liberdade"), última organização terrorista ativa na Europa ocidental.
O premiê José Luis Rodríguez
Zapatero é outra vítima. O socialista apostara alto na paz. Um dia
antes do ataque, num balanço de
final de ano, citou a "trégua permanente" firmada em março
com o ETA como a principal realização de seu governo. O revés
dá discurso à oposição conservadora, que desde o início se opôs
ao diálogo com o grupo.
Não se sabe ao certo por que o
ETA violou a trégua. No plano
das especulações, afirma-se que
idas e vindas são relativamente
normais nessas circunstâncias.
O mesmo ocorreu na Irlanda do
Norte, onde facções do IRA
(Exército Republicano Irlandês)
também cometeram atentados
durante o processo de paz.
Seja como for, é difícil até imaginar um erro maior que os terroristas bascos pudessem ter cometido. Ao rejeitar o diálogo, ficaram sem nada e ainda atrairão
para si mais repressão, além da
antipatia crescente de espanhóis
e dos próprios bascos.
A bomba de Barajas foi um delírio dentro do delírio que já é a
"causa" basca. O propósito do
ETA não encontra amparo nem
mesmo nos pretextos em geral
usados por outros grupos terroristas, como pobreza, segregação
social ou perseguição religiosa.
A Espanha é uma democracia
plena. O País Basco, que o ETA
pretende "libertar", é uma das
regiões mais prósperas da Europa, desfrutando de elevado grau
de autonomia administrativa. Os
separatistas não contam nem sequer com a simpatia da própria
população. Praticam o terror pelo terror, matam por estilo.
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