São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Enquanto isso em Tijuana

SÃO PAULO - Tenho o maior respeito pelo ministro da Defesa, Waldir Pires. Não obstante não posso ocultar que a entrevista que deu a Eliane Cantanhêde, ontem publicada, é a mais completa demonstração de desorientação já vista em entrevistas do gênero com autoridades públicas. Fica explícito que, como escreveu a própria Eliane, o ministro "não tem noção sobre as formas e os limites" (da ação que as forças federais poderão ter no Rio).
Se o problema da violência/criminalidade (no Rio ou em outras cidades brasileiras) tivesse sido inventado ontem, tudo bem que o ministro não soubesse o que fazer.
Mas é um problema que o próprio governador do Rio, Sérgio Cabral, chamou de "crônico", com a franqueza de quem está fresco no cargo e pode, portanto, admitir francamente a antigüidade do problema sem precisar fazer autocrítica.
Para ajudar o ministro, sugiro que ele peça relatórios diários à embaixada do Brasil no México sobre a operação militar contra o crime organizado lançada pelo recém-empossado presidente Felipe Calderón numa cidade emblemática como Tijuana.
Esta última é, faz tempo, feudo dos cartéis das drogas, provavelmente mais poderosos no México do que no Brasil, dada a proximidade do principal centro consumidor (os Estados Unidos).
Calderón mandou 3.300 homens do Exército e da Polícia Federal, com todo o equipamento clássico, inclusive tanques, para não falar de apoio aéreo e marítimo. Longe, portanto, da intervenção meia boca até agora anunciada pelo governo federal brasileiro.
Calderón está há um mês no posto, menos tempo, portanto, que Waldir Pires e seu chefe, Luiz Inácio Lula da Silva. A operação Tijuana pode até ser um tremendo fracasso, mas já que o ministro não sabe o que fazer, tem pelo menos por onde começar a estudar.


crossi@uol.com.br

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