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CARLOS HEITOR CONY
A informação que falta
RIO DE JANEIRO - Durante séculos, a humanidade bastou-se com
poucos e concentrados problemas e
mistérios. Não havia a tal comunicação de massa, e as coisas aconteciam anonimamente, com nenhuma ou poucas testemunhas, só as
bastantes. A morte de César, a ressurreição de Cristo, a batalha das
Termópilas, o herói da Maratona, a
travessia do Helesponto, a conquista das Gálias, a Dieta de Worms
-enfim, a história foi feita privadamente, quase solitariamente.
Hoje, tudo se torna público, tudo
é oferecido em cadeia nacional ou
internacional, via satélite, com patrocínio das boas drogas do ramo. A
faina humana seguiu o seu curso
inexorável -bem podíamos dispensar o olho da câmera devassando a intimidade das coisas e das
pessoas. Excesso de informação
não solicitada só consegue ser pior
que a informação do excesso que
não solicitamos e que mesmo assim
nos servem diariamente, friamente, como alimentos eletrônicos que
não matam a nossa fome, fome real
e merecida.
Os entendidos garantem que a informação é a mercadoria mais valiosa do mundo moderno e uma das
mais caras. Agora mesmo, na onda
de violência que invadiu o Rio de
Janeiro, as autoridades declaram
que o importante é ter informação,
o resto seria decorrência.
Acontece que as informações estão escancaradas. Sabe-se que os
assaltos são comandados dos presídios, sabe-se os pontos onde são
freqüentes os assaltos, sabe-se de
onde vem o poder de fogo dos bandidos, não é por falta de informação
que vivemos aterrorizados, mas
bem informados.
Passar na Linha Vermelha ou na
sua co-irmã, a Amarela, é uma temeridade. Não há carioca que não
tenha essa informação, que é também uma advertência. A única informação que falta é saber onde estão os ossos de Dana de Teffé.
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