São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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MELCHIADES FILHO

Sinal verde?

BRASÍLIA - Para uma economia em expansão, o Brasil não faz feio no Environmental Performance Index, o índice-piloto que procura calcular o desempenho ambiental de todos os países do planeta.
Na edição deste ano do ranking elaborado pelas universidades de Yale e Columbia, ele emplaca a 35ª posição, com nota 82,7 (0 a 100).
Aparece à frente de nações com "vocação" parecida, como México e Austrália (empatados em 46º, com 79,8), África do Sul (97º; 69), China (105º; 65,1) e Índia (120º; 60,3).
O estudo computa 25 indicadores, divididos em saúde ambiental (poluição do ar, qualidade da água, saneamento) e vitalidade de ecossistemas (emissão de gases-estufa, conservação de matas, controle de pesticidas). Os 25 dizem respeito a políticas públicas, ou seja, àquilo pelo qual os governos podem -ou deveriam- ser responsabilizados.
Trata-se de um "trabalho em progresso", devido a limitações metodológicas: ainda não há um padrão métrico mundial para monitorar o ambiente. A pesquisa tenta driblar essa situação por meio de modelagens estatísticas e do descarte de quem não tem dados confiáveis.
O EPI, mesmo assim, parece antenado. Os EUA tombaram, da 28ª para a 39ª colocação (nota 81). Faz sentido, dado o desdém do governo Bush pela questão. A Suíça (95,5) tirou a liderança da Nova Zelândia, que ficou na 7ª (88,9). A Argentina caiu da 30ª para a 38ª (81,8).
O Brasil perdeu um lugar desde 2006, mas a nota subiu 5,7 pontos.
Surpreendente, se consideradas as pressões por inclusão e demandas de consumo atendidas após décadas. Mérito de ativistas, servidores, cientistas e jornalistas que divulgaram por aqui a agenda verde.
Sem transigir com erros de gestão nem ignorar urgências ambientais, o EPI reconhece esses avanços. De certa maneira, confirma a necessidade de uma discussão menos superficial sobre a (não) ocupação da Amazônia. O apocalipse, sugere o ranking, está em outras paragens.


mfilho@folhasp.com.br

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