|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MELCHIADES FILHO
Sinal verde?
BRASÍLIA - Para uma economia
em expansão, o Brasil não faz feio
no Environmental Performance
Index, o índice-piloto que procura
calcular o desempenho ambiental
de todos os países do planeta.
Na edição deste ano do ranking
elaborado pelas universidades de
Yale e Columbia, ele emplaca a 35ª
posição, com nota 82,7 (0 a 100).
Aparece à frente de nações com
"vocação" parecida, como México e
Austrália (empatados em 46º, com
79,8), África do Sul (97º; 69), China
(105º; 65,1) e Índia (120º; 60,3).
O estudo computa 25 indicadores, divididos em saúde ambiental
(poluição do ar, qualidade da água,
saneamento) e vitalidade de ecossistemas (emissão de gases-estufa,
conservação de matas, controle de
pesticidas). Os 25 dizem respeito a
políticas públicas, ou seja, àquilo
pelo qual os governos podem -ou
deveriam- ser responsabilizados.
Trata-se de um "trabalho em progresso", devido a limitações metodológicas: ainda não há um padrão
métrico mundial para monitorar o
ambiente. A pesquisa tenta driblar
essa situação por meio de modelagens estatísticas e do descarte de
quem não tem dados confiáveis.
O EPI, mesmo assim, parece antenado. Os EUA tombaram, da 28ª
para a 39ª colocação (nota 81). Faz
sentido, dado o desdém do governo
Bush pela questão. A Suíça (95,5) tirou a liderança da Nova Zelândia,
que ficou na 7ª (88,9). A Argentina
caiu da 30ª para a 38ª (81,8).
O Brasil perdeu um lugar desde
2006, mas a nota subiu 5,7 pontos.
Surpreendente, se consideradas as
pressões por inclusão e demandas
de consumo atendidas após décadas. Mérito de ativistas, servidores,
cientistas e jornalistas que divulgaram por aqui a agenda verde.
Sem transigir com erros de gestão nem ignorar urgências ambientais, o EPI reconhece esses avanços.
De certa maneira, confirma a necessidade de uma discussão menos
superficial sobre a (não) ocupação
da Amazônia. O apocalipse, sugere
o ranking, está em outras paragens.
mfilho@folhasp.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: 0 x 0 Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Tapioca corporativa Índice
|