São Paulo, Terça-feira, 09 de Fevereiro de 1999
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Painel do Leitor

Governadores e crise

"Diariamente vemos no noticiário atos de extrema irresponsabilidade, incompetência, insensibilidade. "Equipes econômicas" mudam as bandas, lançando sacos de maldade, dizendo que não somos a bola da vez, quando na verdade já fomos para a caçapa há muito tempo.
Governadores agem como líderes estudantis demagogos e, para completar, um presidente tem comportamento digno dos grandes lordes, mas não dos grandes líderes, comandado por políticos jurássicos e predadores. Já passou a hora de a sociedade organizar-se e decidir o rumo que realmente devemos tomar e seguir.
Este país pode não ser de Primeiro Mundo, mas é muito grande para ser dirigido por homens tão pequenos!" Gilson Pascolat (Lençóis Paulista, SP)

"A Folha, em editorial publicado domingo (pág 1-2, Opinião), critica a "Carta de Porto Alegre", chamando-a de irresponsável. A questão é mais complexa do que a colocada.
Em Minas Gerais, por exemplo, o antecessor de Itamar Franco, que é do mesmo partido de FHC, mais que dobrou a dívida do Estado, deixando o cargo sem ao menos pagar o funcionalismo. A saída desejada pela Folha não é simples nem se faz da noite para o dia. Portanto vejo como correta a atitude dos governadores, que, aliás, estão agindo assim por causa de outra irresponsabilidade, a do governo federal."
Fernando Moreno (Uberaba, MG)

"Há muito o jornalista Janio de Freitas, em sua coluna diária, vem criticando o presidente FHC e seu governo. Porém, desde que se iniciou a crise cambial, o sr. Freitas tem passado do tolerável. Começou por apoiar, embora de maneira sutil, o calote dos governadores. O fato é que há muitos inconformados que não reconhecem a legitimidade das últimas eleições e agora tentam virar a mesa. Vale a pena lembrar que FHC foi eleito em primeiro turno por duas vezes seguidas.
Será que os inconformados julgam que são os donos da verdade, que sabem mais que o povo?"
Edson Sardella, professor do Departamento de Física da Unesp (Bauru, SP)

"A cizânia gerada pelo governo federal instigou-me a imaginar uma solução para nossos problemas: independência para cada um dos Estados brasileiros, que seriam transformados em "países". Com tantos países, ficaríamos parecidos com a Europa e, de quebra, perderiam o emprego os deputados federais, os senadores, o presidente e todos os parentes e amigos desses nobres brasileiros. Que economia!"
Álvaro Nelson Silva (Mogi das Cruzes, SP)

Cidadãos comuns

"Em meio à crise e ao tiroteio, eu, pobre cidadão comum, me dou conta de algumas coisas a dar a medida do que somos, os pobres cidadãos comuns: todo o tempo, todas as vozes, todas as autoridades, todos os empresários, todas as pessoas responsáveis e respeitáveis, todos os ex-ministros, todos os economistas, todos os especialistas estavam preocupados em acalmar e tranquilizar o tal mercado, os investidores estrangeiros, as instituições, tudo enfim que não fosse humano.
Nem uma só palavra para tranquilizar, acalmar, consolar, dar esperança a nós, a gentalha, apenas o povo.
Outra coisa notável é ver como falam de cenários, de atores e que tais. Afinal, é realidade ou apenas uma peça?
Para terminar, gostaria de lembrar que volatilidade é a qualidade do que é volátil. Então deixemos de frescura e digamos instabilidade, que é o que realmente está acontecendo."
Albano Fonseca (Santos, SP)

Otimismo

"São de causar admiração as notícias dos jornais enfatizando com entusiasmo a primeira queda do dólar após a liberação do câmbio. Sabe o que isso significa? Por enquanto nada.
Nossa credibilidade continua abalada, o PIB certamente cairá entre 3% a 3,5%, os preços continuam subindo, o desemprego chega a índices insustentáveis etc. etc... É mais fácil acreditar em Papai Noel, duende ou mula-sem-cabeça do que esperar a ascensão econômica, certificando e dando boa-fé às palavras de FHC e de todos os membros de sua equipe político-administrativa."
Tania de Sousa Silva (São Paulo, SP)

Espelhinhos

"Genial a charge do Glauco, na pág. 1-2 (Opinião) de 6/2. Novamente estamos entregando o país a troco de "espelhinhos" sem nenhum valor.
A diferença é que outrora foram os índios, analfabetos, isolados, sem nenhum preparo. E hoje? Intelectuais, doutores com vasta experiência e profundo conhecimento tanto do Brasil quanto do mundo exterior.
Será que a visão da própria imagem refletida no espelho faz com que se igualem aos índios?"
Carlos Ferraz (Jaú, SP)

Rei Hussein

"Como poucos ele sonhou. Ao lado de Gandhi, Buda e Cristo, o rei Hussein, da Jordânia, viveu para realizar um sonho: ver sua terra em paz, em harmonia e desfrutando de um progresso que seu povo merece.
Por esse sonho, sobreviveu a 12 tentativas de assassinato, experimentou a discórdia de seu povo e dos vizinhos e saboreou a doce brisa da paz nos acordos que mediou. Era capaz de fazer alianças com Clinton e semanas depois tentar acalmar a fé de Saddam Hussein.
A sua morte é muito mais para o mundo do que a morte de um líder. É, infelizmente, a palavra que media que se cala, a mão estendida que se abaixa, os olhos atentos que se fecham. É um futuro incerto para a paz no Oriente e a ausência de uma pessoa que certamente fará falta para o progresso do mundo."
Rodrigo Cabrera Gonzales (São José dos Campos, SP)

Postos da Telesp
"Profundamente lamentável, mas previsível a notícia de que a ex-Telesp pretende desativar postos telefônicos considerados "não-rentáveis" em cidades que às vezes possuem apenas um deles.
Previsível, pois para os grupos privados que adquiriram o acervo das companhias telefônicas operação significa lucro, muito diferente do papel social que elas igualmente vinham desempenhando."
Ayrton Camargo e Silva (São Paulo, SP)

Doação difícil

"Na qualidade de parente de uma pessoa cuja família optou pela doação dos órgãos para transplante, venho denunciar a morosidade e o descaso prestado pelos serviços médicos envolvidos. Foram necessárias 40 horas de espera para que finalmente a família pudesse concretizar o direito de velar seu ente querido.
A decisão pela doação de órgãos pelos familiares em um momento de perda súbita apresenta-se como uma opção difícil e dolorosa, ainda que motivada por valores humanos considerados nobres como a solidariedade, no intuito de possibilitar a qualidade de vida de outras pessoas.
A atual lei de doação de órgãos, ao que tudo indica, veio tentar garantir maior controle e fiscalização nesses casos. É preciso contudo considerar, na operacionalização da lei, medidas exequíveis e ágeis por parte dos órgãos competentes, se não por outra razão, pelo simples fato de que todas as pessoas, vivas ou mortas, merecem ser tratadas com dignidade e respeito."
Marineide de Oliveira Gomes (Santo André, SP)


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