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ABERRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Nos abusos retóricos que acometem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tema do ineditismo é dos mais freqüentes, e a expressão "nunca na história deste país", o
seu clichê preferido. Pois o petista
pode vangloriar-se de ter criado dispositivo tributário único a título de
incentivar a formalização do emprego doméstico. Poucas vezes na história deste país se viu algo do gênero.
Já eram conhecidos alguns despropósitos dessa medida demagógica e
eleitoreira cujo intuito é aplacar a indisposição da classe média com Lula. O governo chegou à estapafúrdia
conclusão de que era necessário doar
dinheiro para que patrões cumprissem a lei. Registrar funcionários domésticos é obrigação do empregador. O modo correto de levar os recalcitrantes a fazê-lo é com fiscalização e Justiça trabalhista atuantes.
No objetivo de favorecer a regularização de milhões de trabalhadores
sem acesso ao básico em termos de
direitos, se deveria baixar a alíquota
da contribuição previdenciária de
quem recebe salário mínimo. Há
pouca dúvida de que a uma ação desse tipo se seguiria movimento de formalização do trabalho, o que compensaria a perda inicial do erário.
Mas a gestão Lula optou por pagar
a patrões com nível alto de renda e
que já cumprem suas obrigações
com os empregados. São esses empregadores os beneficiários imediatos do incentivo. Não mais que 600
mil pessoas -0,33% da população
brasileira- farão jus à bonomia petista, o que vai subtrair dos cofres públicos, segundo a Receita, cerca de
R$ 300 milhões ao ano. E é muito duvidosa a eficácia da medida para aumentar a contratação com carteira.
Além de beneficiar quem menos
precisa, o governo surpreendeu ao
conceder aos empregadores a possibilidade de deduzirem o que recolheram ao INSS para seus empregados
domésticos diretamente do imposto
apurado, e não da renda tributável.
No intuito de aumentar a ajuda para
essa pequena fatia da classe média,
produziu uma distorção na sistemática tributária que prevalecia até então. Por tudo isso, o Congresso deveria rejeitar a medida provisória que
criou tamanho disparate.
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