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Baixa visibilidade
Medidas a favor da competição são atacadas, enquanto continua sem solução o problema da rede de aeroportos
A DIFÍCIL batalha para assegurar a previsibilidade das regras no mercado aéreo brasileiro
mostra que ainda há distâncias
oceânicas a sobrevoar.
Medidas recentes da Anac, a
agência do setor, despertaram
forte reação. A liberação de tarifas nos voos internacionais, que
teria início em janeiro, foi adiada
graças a liminar judicial obtida
pelo Sindicato Nacional da Empresas Aeroviárias, que questionou a falta de audiência pública
antes da tomada da decisão.
Tam e Gol, apesar de dominarem 90% do mercado doméstico,
temem ser engolidas nesse processo de abertura. Há a preocupação de que grandes empresas
estrangeiras, com vantagem
competitiva -custos de capital e
tributário menores, maior escala
de operações, por exemplo-,
pratiquem preços mais baixos a
ponto de estrangular financeiramente as companhias nacionais.
É um argumento respeitável,
mas que não pode servir para
bloquear eternamente ações que
visem a aumentar a pressão
competitiva no mercado brasileiro de aviação. Tamanho protecionismo, já se viu no caso da Varig, é ruim para o consumidor e,
no final, para as próprias empresas protegidas, que não têm incentivo para racionalizar custos
e buscar a eficiência.
A saída é discutir medidas e regras que diminuam a desvantagem comparativa das empresas
nacionais. Salvaguardas contra
práticas desleais de prestação de
serviço, liberalização previsível e
paulatina do mercado e revisão
da estrutura tributária incidente
sobre a atividade são exemplos.
O principal problema da aviação brasileira, contudo, continua
sendo a falta de definições que
assegurem a expansão da infraestrutura aeroportuária no
longo prazo. Apenas em julho a
Anac vai entregar ao governo sua
proposta de marco regulatório
para o setor. O programa introduzirá a possibilidade de o poder
público conceder aeroportos, individualmente ou em grupo, à
iniciativa privada.
Aeródromos lucrativos pagarão royalties para financiar a
operação dos deficitários. O valor será acumulado num fundo
sem a ingerência do Tesouro. A
Infraero continuará existindo,
mas terá um novo papel.
Dependendo de seu texto final,
o projeto pode abrir caminho para um dos objetivos que deveriam ser perseguidos no setor:
permitir o ingresso de investimentos privados e a expansão
acelerada dos aeroportos nacionais. Mas a palavra final será dada pelo governo, o que torna incerta a nova arquitetura da gestão aeroportuária. Nos seis anos
de administração Lula, não faltaram palpites em torno desse assunto, frequentemente antagônicos e contraditórios. Na sexta,
o ministro da Defesa, Nelson Jobim, reafirmou a intenção do governo de privatizar os aeroportos do Galeão, no Rio, e Viracopos, em Campinas (SP).
Mesmo se for logo rompido o
impasse, no atual governo já não
há mais tempo para uma mudança significativa no desenho dos
aeroportos. Como as obras de
ampliação do aeroporto de Guarulhos (SP) continuam paralisadas, por problemas na licitação,
resta para desafogar o tráfego aéreo a ampliação de Viracopos,
anunciada pela Infraero.
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