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Editoriais
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Quem paga pela educação
O GOVERNO decidiu propor a
mudança de alguns parâmetros do programa federal que concede crédito para
bancar cursos universitários. A
ideia é permitir que o pagamento
desses empréstimos seja feito
-em parte ou totalmente- com
o trabalho do beneficiado, depois
de formado, na rede pública.
O Fies (Programa de Financiamento Estudantil) se destina
àqueles alunos que, havendo ingressado numa instituição particular, não têm condições de arcar com a mensalidade. Pelas regras atuais, um profissional contemplado com o crédito durante
três anos na faculdade tem até
seis anos, depois da formatura,
para quitar a dívida.
A proposta do governo, a ser
enviada em abril ao Congresso
como projeto de lei, abre a nova
possibilidade de pagamento, o
trabalho na rede pública, às carreiras de médico e professor do
ensino básico.
No primeiro caso, o objetivo é
vincular a medida a políticas para diminuir a carência de profissionais de saúde em regiões remotas do Brasil. Preocupação semelhante -diminuir o déficit de
especialistas em sua matéria na
rede pública de ensino- motiva
a inclusão das carreiras pedagógicas no novo benefício.
Não há o que opor à inovação.
Além de ampliar as possibilidades de quitação do débito, por
parte do beneficiário, a proposta
faz uma conexão interessante
com necessidades da política pública nas áreas focalizadas.
A questão a levantar, mais de
fundo, é por que a maioria das
outras bolsas de estudo concedidas pelo Estado não é objeto de
cobrança semelhante, seja em
forma de trabalho, seja em dinheiro. O governo não custeia
mensalidades apenas no Fies.
Age do mesmo modo no ProUni e nas faculdades que mantém,
erroneamente chamadas de
"gratuitas" -gratuitas apenas
para o aluno, não para a sociedade que o financia.
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