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Apagão do investimento
UMA SUCESSÃO de pequenos
apagões tem marcado o
cotidiano de muitas cidades brasileiras nos últimos meses. Poderiam até passar despercebidos, já que variam os bairros
afetados e a duração de cada episódio, não fosse sua impressionante recorrência.
Reportagem publicada neste
domingo pela Folha deixou claro que as falhas de fornecimento
não podem ser atribuídas a problemas isolados. As concessionárias de energia têm diminuído
seu investimento em infraestrutura -e as que mais cortaram
gastos são as responsáveis pelo
maior número de blecautes.
Em uma das distribuidoras, os
valores investidos chegaram a
ser 30% inferiores no ano passado, em relação a 2008. E há pelo
menos três casos de cortes superiores a 17%.
Especialistas veem erros na
estratégia de negócios dessas
empresas, que parecem ter subestimado o reaquecimento da
economia após a crise, deflagrada no final de 2008. Quando o
consumo começou a se revigorar, a partir de meados do ano
passado, estavam despreparadas
para atender à demanda.
É papel da Agência Nacional
de Energia Elétrica acompanhar
o movimento das empresas, trabalhar para que tais erros sejam
evitados e assegurar a oferta de
energia elétrica segundo as necessidades do país.
A Aneel acena com uma medida positiva, que obrigará as concessionárias a repassar diretamente aos clientes, por meio de
descontos na cobrança de luz,
compensações em caso de comprovada má qualidade do serviço. Falta, todavia, regulamentar
a norma -o que deveria ser feito
com urgência.
Tornar os custos da incapacidade de atendimento maiores do
que os benefícios do corte de investimentos é uma maneira eficiente de incentivar a expansão.
A medida não exclui a necessidade de fiscalização mais assídua. Após sucessivos apagões,
uma vistoria da Aneel na Light,
que opera no Rio, identificou falhas de manutenção dos equipamentos. Ficou patente, neste caso, que a ação fiscalizadora tardou. Não é demais lembrar o óbvio: o papel das agências é atuar
em defesa do consumidor -e
não se acomodar aos interesses
das empresas concessionárias.
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