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SELEÇÃO TORTUOSA
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) parece ter escolhido o caminho mais tortuoso para responder
às críticas da mídia e do público a
respeito do desempenho da seleção
brasileira na Copa Ouro, recém-disputada nos Estados Unidos.
O malogro da equipe brasileira deveria levar a uma de duas atitudes:
demitir o técnico, caso se considerasse que foi ele o principal responsável pelos maus resultados, ou prestigiá-lo inteiramente, seja por acreditar que bons resultados anteriores
não foram destruídos pela Copa Ouro, seja por entender que seria contraproducente demiti-lo na antevéspera do mais importante torneio futebolístico do planeta.
A CBF preferiu fugir de uma atitude
direta. Não demitiu Zagallo, tampouco o prestigiou, na medida em
que indicou um coordenador técnico, o ex-jogador Zico, para dividir
com ele as responsabilidades.
Cria-se assim uma situação anômala, na qual Zico poderá vir a ter de
fato um papel ativo, o que tenderá a
produzir um conflito de competência
com Zagallo, ou será uma figura meramente decorativa, tornando inútil a
sua designação.
Em qualquer caso, o resultado será
negativo: um confronto no comando
minará a seleção no momento em
que ela mais necessita de excelência.
A inocuidade da indicação de Zico
deixará as coisas como estão -e a
própria CBF acha que não estão bem,
tanto que interferiu.
De todo modo, o caso Zagallo-Zico
é uma evidência até cruel de como é
efêmera a fama. Antes da Copa Ouro,
Zagallo era a própria imagem do esportista bem-sucedido, o único do
mundo a ostentar no currículo quatro títulos mundias (dois dentro e
dois fora do campo). Alguns empates e uma derrota depois, o currículo
lustroso parece insuficiente para que
se confie nele como comandante isolado da seleção nacional, talvez o
único cargo que, no país do futebol,
rivaliza em visibilidade com o de presidente da República.
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