|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIMITE AO ÁLCOOL
A principal diferença entre o
álcool etílico e drogas como cocaína e anfetaminas é que o etanol é
uma substância lícita e que não depende de receita médica para ser adquirido. Não se trata, é óbvio, de advogar pela proibição de bebidas
-medida autoritária que já se revelou historicamente ineficaz e até contraproducente. Mas reconhecer que
o álcool deve ter o seu lugar não implica deixar de tratá-lo como o que
ele de fato é: uma droga psicoativa
capaz de gerar dependência química.
Rigorosamente, em termos de saúde pública, os prejuízos causados
por todas as substâncias ilícitas juntas não chegam nem perto dos danos provocados pelo álcool. Diante
desse quadro, portanto, a primeira
providência sensata a ser tomada deveria ser a de eliminar a propaganda
de bebidas alcoólicas. Esse imperativo do bom senso reveste-se de urgência quando se considera que a publicidade de algumas bebidas contendo
álcool é voltada especificamente para
o público jovem, grupo que não precisa de estímulos adicionais para
adotar comportamentos de risco.
Outra providência fundamental é a
de agravar ainda mais a carga de tributos sobre bebidas. O ideal seria
criar um fundo para ser utilizado na
prevenção e na recuperação de dependentes bem como na pesquisa do
problema do alcoolismo. As taxas
deveriam ser elevadas o bastante para
desincentivar o consumo sem torná-lo proibitivo, hipótese absolutamente indesejável em que o dono do bar
seria substituído pelo traficante.
Infelizmente, os governos brasileiros até aqui têm preferido ceder ao
lobby dos produtores e vêm deixando de tomar as medidas necessárias
contra o abuso de bebidas alcoólicas.
Incorrem no velho erro de fazer as
contas pela metade. Ficam com os
empregos e as receitas de impostos
hoje gerados e fecham os olhos para
os prejuízos de amanhã, que por vezes recairão sobre outras administrações. O problema com esse tipo de
conta é que quem sai perdendo é a
sociedade como um todo.
Texto Anterior: Editoriais: BAIXA EXPECTATIVA Próximo Texto: Editoriais: A GUERRA CONTINUA
Índice
|