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CLOVIS ROSSI
Conspiração tola
HAIA - Não dá para entender a decisão do governo de investigar, com
a Polícia Federal, apenas o vazamento do tal dossiê.
Vejamos: trata-se de dois eventos
em seqüência perfeita. Um evento é
a elaboração do dossiê, por iniciativa da mais próxima auxiliar da ministra Dilma Rousseff. O evento seguinte é a divulgação do dossiê, ao
que tudo indica por iniciativa do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O segundo ato não existiria, como
é óbvio, sem o primeiro. Logo, não
há como deixar de investigar um e
outro, com perdão ao leitor por ser
obrigado a escrever tão tremenda
obviedade. A culpa não é a minha,
mas de um governo que teima em
esconder-se do óbvio, sempre que
algum operador seu (ou vários) comete um crime (lembre-se que foi a
Casa Civil quem rotulou o caso de
crime).
A única coisa que se pode conseguir limitando a investigação ao vazamento é abrir espaço para desconfianças sobre todos, inclusive e
principalmente a ministra Dilma.
Repito, à custa de receber mais
mails indignados: continuo não
acreditando que Dilma tenha mandado elaborar o dossiê.
Não parece uma pessoa com tanto déficit de caráter que assuma
uma atitude dessas e, depois, telefone para uma das vítimas, Ruth Cardoso, para dizer que não o fez. Até
Fernando Henrique Cardoso, a outra vítima, fez raciocínio parecido.
A culpa de Dilma, se há, é a mesma de Lula: não criar no Palácio do
Planalto um ambiente tão hígido
que iniba completamente os diferentes aloprados, usuais habitantes
de palácios e mais realistas que os
próprios reis, de praticar atos que
seus próprios chefes depois rotulam de criminosos.
Ao negar-se a investigar quem é o
aloprado da vez, o governo acaba
desviando o foco para a ministra.
Vai ver que desta vez há de fato uma
conspiração em marcha, contra a
ministra e eventual candidata.
Conspiração palaciana. E tola.
crossi@uol.com.br
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