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Editoriais
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A condenação de Fujimori
PARA O bem e para o mal, Alberto Fujimori é um marco
na política do Peru -e, de
certo modo, da própria América
do Sul. Sua década de mando na
Presidência dividiu águas na história recente do país. Não foi menos simbólica sua condenação,
anteontem, a 25 anos de cárcere,
sentença da qual já recorreu.
O ex-reitor universitário que,
de surpresa, venceu a eleição de
1990 foi um dos primeiros líderes regionais, na safra de redemocratizações do final do século
20, cuja ascensão revelou uma
profunda descrença popular em
partidos, lideranças e instituições tradicionais. O "outsider"
Fujimori surgiu da ruína econômica e da explosão de violência
legadas pelo primeiro governo
de Alan García, da velha Apra
(conglomerado de forças da esquerda nacionalista peruana).
O inexperiente político de ascendência japonesa desde cedo
pôs-se a capitalizar esse difuso
descontentamento social. Enquanto na economia assumia o
reformismo ultramercadista, debelando a hiperinflação, deslanchava guerra total contra a guerrilha maoísta Sendero Luminoso, um dos grupos terroristas
mais sanguinários que já atuaram na América do Sul.
Em paralelo ao estrangulamento dos rebeldes -processo
no qual soçobrou também a
guerrilha marxista Tupac Amaru-, estava em marcha um projeto autoritário. Em 1992, Fujimori liderou, com apoio militar,
um golpe que dissolveu o Congresso e a Justiça. Passou, então,
a reformar as instituições, atrelando-as ao jugo da Presidência.
Como ocorre com tantas figuras providenciais, a aventura de
Fujimori terminou em desgraça.
Fugiu do Peru em 2000, humilhado, em meio a estrepitoso escândalo de corrupção. Preso na
volta, agora é condenado pelas
violações a direitos humanos cometidas no combate à guerrilha.
Revigorada sai a sociedade peruana. O país rejeitou a herança
autoritária de Fujimori e julga
seu ex-presidente dentro das regras do Estado de Direito.
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