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KENNETH MAXWELL
Graus de separação
OS NÚMEROS do desemprego
nos EUA divulgados na sexta-feira são deprimentes.
No mês passado, desapareceram
663 mil empregos, o que eleva o total de postos de trabalho perdidos a
mais de 5 milhões desde que a recessão começou. Isso representa
um índice nacional de 8,5%, o mais
alto em 25 anos.
A despeito das declarações otimistas do governo quanto a uma
recuperação econômica, a desaceleração continua. Os salários caíram 4% no mês passado. O setor industrial cortou 126 mil trabalhadores, e o de serviços, outros 133 mil.
Além disso, essas estatísticas não
incluem as pessoas que gostariam
de um emprego em tempo integral,
mas se acomodaram a trabalhos de
tempo parcial.
Caso esses indivíduos fossem
computados, a proporção de desempregados seria de 15,6%. Pessoas com alto nível educacional
também têm dificuldades para obter empregos. Na cidade de Nova
York, por exemplo, há 35 mil portadores de diplomas universitários
recebendo benefícios desemprego.
Robert Reich, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e antigo secretário do Trabalho
na gestão Clinton, resumiu a situação em seu blog, na sexta-feira: "No
momento, um em cada seis trabalhadores dos EUA está desempregado ou subempregado. Cada cidadão norte-americano está agora a
dois graus de separação de alguém
que está desempregado".
Mas e quanto ao topo da pirâmide? A edição de domingo do "New
York Times" acrescentou alguns
detalhes específicos ao divulgar os
valores dos salários e benefícios de
200 presidentes-executivos de empresas. Lawrence Ellison, da Oracle, recebeu US$ 84,6 milhões.
Kenneth Chennault, da American
Express, faturou US$ 42,8 milhões.
Vikram Pandit, do Citigroup, levou
US$ 38,2 milhões. O presidente-executivo médio recebe salário
300 vezes maior que o do trabalhador médio.
Robert Rubin, antigo secretário
do Tesouro, recebeu US$ 126 milhões pelos oito anos como presidente do conselho do Citigroup. O
Citigroup, claro, recebeu bilhões
numa imensa operação de resgate.
Lawrence Summers -que sucedeu Rubin no Tesouro, foi reitor da
Universidade Harvard por cinco
anos e hoje é o principal assessor
econômico do presidente Obama-
faturou US$ 5,2 milhões no ano
passado por seu emprego de um
dia por semana em um fundo de
hedge e com as cerca de 40 palestras pagas que proferiu, entre as
quais uma no Goldman Sachs, pela
qual recebeu honorários de US$
135 mil, e dois eventos no Citigroup, que lhe valeram US$ 99 mil.
Evidentemente estamos entregando a guarda do galinheiro às
raposas.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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