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ELIANE CANTANHÊDE
Uai, sô!
BRASÍLIA - Na semana do lançamento de José Serra à Presidência,
que será amanhã, em Brasília, Dilma Rousseff empenhou-se em reaprender o "mineirês" da infância e
em dividir os adversários, jogando
montes de desconfiança sobre a
lealdade de Aécio Neves e do seu
candidato ao governo, Antonio
Anastasia, ao PSDB e a Serra.
Depois do "Lulécio" de 2006 para
sugerir o voto mineiro em Lula para
presidente e em Aécio para governador, Dilma agora joga a cizânia no
solo adversário ao pregar o voto
"Dilmasia" ou "Anastadilma", enquanto se lê numa coluna que Aécio
sai do lançamento de Serra e some
e, em outra, que Anastasia, mal senta na dupla cadeira de governador e
candidato, já vai alegre e saltitante
falar com Lula, com o atual vice
Alencar e com o vice da chapa de
Dilma, Michel Temer. Bingo. Foi
ontem mesmo.
Abrem-se dúvidas e velhas feridas no PSDB, partido que em boa
dose lavou as mãos para Serra em
2002 e para Alckmin em 2006 e que
é capaz de demorar horas e horas
para reagir a algo elementar: o teatro de Dilma no túmulo de Tancredo Neves. O PT não apenas se recusou a apoiar Tancredo em 1985 como chegou a ponto de empurrar
porta afora três de seus deputados
federais que ficaram com ele.
Mais curioso ainda foi o silêncio
de Aécio. O povo tem memória curta, mas o próprio neto de Tancredo
não poderia se esquecer da desfeita
do PT num momento chave e afinal
dramático da história brasileira.
Minas está no centro da campanha, e Aécio se sujeita a estar no
centro de uma disputa ferrenha entre Serra e Dilma, entre PSDB e PT.
No mínimo, está ostensivamente
deixando grassar a incerteza sobre
quem é e o que quer. Um risco.
Na festa tucana de amanhã, Aécio, o nome dos sonhos tucanos para a vice, fará um dos mais entusiastas discursos pró-Serra. Mas, em
política, discursos dizem pouco.
Gestos, sugestões e notinhas em
jornais dizem muito mais.
elianec@uol.com.br
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