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MARCHA LENTA
Já não faltam evidências de
que a atividade econômica está
fraca. O IBGE apurou que a produção da indústria brasileira caiu 0,8%
de fevereiro para março. Dentre muitos, esse é o sinal mais nítido de debilidade da produção, por sua abrangência nacional.
É importante situar o resultado de
março dentro da trajetória recente da
produção industrial. Sob o impacto
da elevação da taxa de juros e do racionamento de energia, a produção
industrial caiu bastante entre junho e
outubro do ano passado. A seguir,
entre novembro e janeiro, quando ficou claro que o fim do racionamento
era iminente, a produção teve alta rápida, voltando ao patamar "normal"
de antes do início do racionamento.
Já em fevereiro deste ano, completada a "normalização", a produção teve nova alta, porém modesta.
Esperava-se para março mais um
incremento da produção, até por tratar-se do primeiro mês após a efetiva
suspensão do racionamento. Mas os
números divulgados ontem revelaram desempenho débil generalizado
entre os setores da indústria. A pior
performance foi a da produção de
bens de capital -que reflete as decisões de investimento, especialmente
sensíveis à oferta de crédito (que segue estagnada) e às expectativas.
A decepção produzida pelo resultado da indústria em março tende a reforçar a onda de ceticismo surgida
nas últimas semanas. Essa piora das
expectativas quanto ao desempenho
da economia teve início com a decisão do Banco Central de não reduzir,
em abril, a taxa de juros básica, frustrando a aposta de que haveria corte.
Todos sabem que as decisões de
comprar e de produzir são muito influenciadas pelo que se espera do futuro. A previsão média do mercado
de que o PIB crescerá mais de 2%
neste ano está assentada na suposição de que os juros cairão progressivamente nos próximos meses, chegando perto de 16,5% em dezembro.
O Banco Central se reúne no próximo dia 22 para voltar a deliberar a
respeito da taxa de juros básica. O
mercado hoje projeta que a inflação
fechará o ano com alta muito próxima de 5,5%, taxa que representa o limite superior definido pela política
de metas de inflação -e os agentes
privados não têm demonstrado
maior preocupação diante dessa
perspectiva. A depender do grau de
rigidez antiinflacionária que revelar,
o BC poderá sancionar, ou começar a
reverter, a piora das expectativas sobre a atividade econômica.
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