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ESTADISTAS DE MENOS
O novo atentado terrorista em
Israel deverá reacender a espiral de violência no Oriente Médio. É
quase certo que Israel dará uma resposta militar ao ataque, ação esta
que, por sua vez, será evocada pelos
palestinos quando procurarem justificar os injustificáveis homens-bomba. Essa é a lógica da guerra que, infelizmente, vem prevalecendo.
No fundo, os dois lados têm suas
razões. Israel tem o direito de defender-se dos ataques terroristas, e os
palestinos têm o direito de lutar pelo
fim da ocupação israelense, desde
que não atinjam a população civil. O
problema é que, enquanto ambas as
partes seguirem apenas exercendo
seus direitos, sem tentar entender as
razões do outro lado, estarão perpetuando um conflito que a maioria
dos israelenses e dos palestinos deseja ver superado.
Para resolver o impasse seriam necessários dois estadistas, que fossem
capazes de renunciar momentaneamente a exercer seus direitos para
propiciar a seus povos o direito
maior de viver em paz. Ariel Sharon e
Iasser Arafat, infelizmente, não parecem ser esses estadistas.
Ariel Sharon é um general de linha
dura que se apega à linguagem da
guerra. Iasser Arafat, apesar de, no
passado, ter dado alguns passos
concretos em direção à paz, parece
ter-se perdido no meio do caminho.
Não quis ou não pôde conter a ação
dos terroristas, que, com os ataques,
colocavam pressão sobre Israel.
Agora, mesmo que queira, terá mais
dificuldade para combater os radicais. A infra-estrutura da Autoridade
Nacional Palestina foi quase inteiramente destruída na ofensiva israelense sobre a Cisjordânia.
A essa altura, as melhores perspectivas para a região parecem repousar
sobre iniciativas mais amplas, que
envolvam um acerto não apenas entre Israel e palestinos, mas que inclua
também outros países árabes, mais
ou menos na linha da proposta já feita pela Arábia Saudita e aprovada pela Liga Árabe. Sozinhos, Sharon e
Arafat só produzirão mais violência.
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