São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

PSDB
"O jornalista Fernando Rodrigues parece não ler com atenção o seu próprio jornal. É o que se depreende da coluna por ele assinada na Folha de ontem ("Desproporção, Opinião, pág. A2). Vejamos por quê. No fim de semana passado, a revista "Veja" publicou reportagem dizendo que o sr. Carlos Jereissati teria doado R$ 2 milhões à campanha de José Serra ao Senado em 1994, há oito anos. Tal contribuição teria sido feita por intermédio do sr. Ricardo Sérgio de Oliveira e não teria sido registrada na Justiça Eleitoral. Nada disso é verdadeiro. Em entrevista à Folha, na segunda-feira, Jereissati deu informação diferente: foram, segundo ele, R$ 700 mil, a preços da época (meados de 1994). Só que, segundo o entrevistado, desse total, R$ 95 mil representaram contribuição direta do Grupo LaFonte, e cerca de R$ 600 mil teriam sido doados sob a forma de pagamento, feito diretamente pelo próprio Carlos Jereissati, para aluguel de um avião King Air (bimotor, turboélice) ao proprietário do aparelho. Portanto esses recursos -de acordo com o próprio Carlos Jereissati- não ingressaram como dinheiro na campanha de José Serra. A Folha, corretamente, ouviu o senador Serra e sua assessoria duas vezes sobre o assunto -no mesmo dia das declarações de Jereissati e no dia seguinte. Foi esclarecido que: 1) R$ 600 mil, em 1994, dariam para pagar o aluguel de um King Air (tamanho pequeno) que voasse 300 mil quilômetros no Estado de São Paulo. Durante cinco meses, isso equivaleria a voar 2.000 quilômetros por dia, que, à velocidade média de um King Air, modelo pequeno, ocuparia umas cinco horas diárias, ininterruptamente. Isso, evidentemente, não aconteceu, mais ainda quando se leva em conta que, na campanha de 1994, o então candidato José Serra fez a maior parte de suas viagens em companhia de Mário Covas, no avião do então candidato a governador. 2) Na prestação de contas da campanha de Serra ao Senado, em 1994, há registro, sim, na Justiça Eleitoral, de doação do Grupo La Fonte, utilizada para alugar horas de vôo para deslocamento do candidato pelo Estado. Foram R$ 45 mil, suficientes à época para o aluguel de 20 mil quilômetros de vôo no mesmo avião. Antes do artigo do sr. Fernando Rodrigues, tudo isso já havia sido esclarecido à Folha, tendo sido enviadas as fotocópias correspondentes. Mas o sr. Fernando Rodrigues foi além da desinformação aos leitores quando, de maneira espúria, tentou induzir os leitores a associar a história (por ele mal contada) do aluguel de avião da campanha ao Senado de José Serra em 1994 à reportagem da "Veja" relativa a acusações sobre supostos fatos ocorridos quatro anos depois daquela campanha. Além disso, e novamente de forma espúria, Rodrigues procura induzir os eleitores a associar a história do avião também ao dinheiro encontrado nas dependências da empresa Lunus. Assim, o articulista da Folha combinou desinformação deliberada com evidente má-fé. Sabe-se lá com que propósito."
Milton Coelho da Graça, assessor de imprensa do PSDB (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Fernando Rodrigues
Um empresário diz ter doado R$ 600 mil. O valor não está na prestação de contas de José Serra. Nem na forma de horas de vôo. Se há erro, seria mais prudente o chefe do missivista se entender com o suposto doador. Mas é mais fácil atacar um jornalista do que um financiador de campanha.

Febem e OAB-SP
"Sobre a carta "Febem", publicada no "Painel do Leitor" em 4/5, tenho a esclarecer que, quando a OAB-SP visita uma unidade da Febem, espera detectar se ela atua em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente. As denúncias recentemente formuladas pelos membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB sobre a precariedade da higiene da Febem de Parelheiros, visitada em 26 de abril deste ano, foi atestada anteriormente por laudo da vigilância sanitária de 17 de abril que apontou uso coletivo de sabonetes e de escovas de dente e também mostrou que roupas de uso diário, assim como as de cama e de banho, não eram trocadas com a frequência necessária, o que favorecia a disseminação de fungos e de bactérias. Além da OAB-SP, o Ministério Público confirmou, posteriormente, que os kits individuais só recentemente foram distribuídos aos jovens internos. Quanto às denúncias de maus-tratos veiculadas pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem, elas foram confirmadas pelos promotores da Infância e da Juventude do Ministério Público em visita sequencial à dos advogados, quando encontraram em uma sala utilizada pelos funcionários possíveis objetos de prática de tortura. O vídeo com a denúncia foi apresentado durante debate realizado no salão nobre da OAB-SP, no último dia 2 de maio. Se seis funcionários suspeitos de prática de tortura foram afastados em decorrência das denúncias, como afirma a assessoria de imprensa da Febem, não cabe aos membros da OAB-SP dar ciência pública do fato. Isso compete à própria Fundação. Todo advogado que integra uma das 40 comissões da OAB-SP é um voluntário -sem coloração partidária quando em diligências oficiais da Ordem. A luta da OAB-SP e da sua Comissão de Direitos Humanos recai sobre a necessidade de instituições como a Febem, responsável pela recuperação de jovens infratores, terem conduta transparente, abrindo seus portões a entidades reconhecidamente sérias sem a necessidade de agendamento e de autorização prévios para visitas, o que vem permitindo atenuar realidades eivadas de negligência e de violação de direitos."
Carlos Miguel Aidar, presidente da OAB-SP (São Paulo, SP)

STF
"O professor Dalmo de Abreu Dallari ("Degradação do Judiciário", "Tendências/Debates", pág. A3, 8/5) está absolutamente certo ao reprovar a indicação do atual advogado-geral da União para o Supremo Tribunal Federal, cuja função precípua é a guarda da Constituição. Com efeito, como pode zelar pelo respeito à Constituição um homem que, atuando junto à Presidência da República desde os tempos de Fernando Collor de Mello, tem estado na origem de todas as medidas normativas de restrição dos direitos fundamentais entre nós?"
Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Brasil
"Já passou da hora de os tais "investidores estrangeiros" entenderem que o Brasil é um país democrático e sério. Temos lá nossos problemas, mas não é possível que uma instituição qualquer fique lá medindo o risco de investimento no país e todo mundo leve isso a sério. É hora de todos entenderem que não podemos ficar parados em ano eleitoral e que as instituições democráticas garantirão a ordem independentemente de quem for eleito."
Paulo de Tarso Domite Mendonça
(São Paulo, SP)

Museus
"Excelente a reportagem "Museu às moscas" (Ilustrada, pág. E6, 7/5), sobre o abandono dos nossos museus. Muito realista a forma como se tocou em mais essa ferida de nosso país, onde não se cultiva desde cedo o hábito de conhecer e de preservar o nosso patrimônio cultural. Que a reportagem sirva de alerta para que essa situação em breve se modifique."
Helena Shimada (Campinas, SP)

Psicologia
"O Conselho Federal de Psicologia gostaria de informar que a senhora Márcia Homem de Mello, que concedeu entrevista à Folha ("Psicodramatista de Recife desafia conselho", Cotidiano, pág. C6, 5/5), não é psicóloga, como ela afirma na reportagem. A pedido da própria Márcia Homem de Mello seu registro de psicóloga foi cancelado junto ao Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco. Informo também que o Conselho Federal de Psicologia está contestando a ação de indenização proposta pela senhora Márcia Homem de Mello em curso na Justiça Federal de Pernambuco."
Odair Furtado, presidente do Conselho Federal de Psicologia (Brasília, DF)



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