São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Aposentados
"A partir de junho, 5 milhões de aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima de R$ 260 por mês (25% do total), em vez de receberem reajuste de 9% -como ocorreu com os outros três quartos-, vão receber apenas um acréscimo nominal de 4,53%. É o que estabelece o decreto do presidente Lula publicado na página 24 da edição extra do "Diário Oficial" de 30 de abril. De acordo com o IBGE, na realidade as aposentadorias estarão sendo reduzidas em 3,3%, já que o instituto verificou uma inflação de 7,8% nos últimos 12 meses. Assim, se o IBGE considerou o aumento do mínimo um avanço concreto de 1,2%, tem de admitir o recuo para os aposentados cujos vencimentos vão do novo piso até o teto máximo de R$ 2.508. Em 92, vale lembrar, a diversidade de tratamento adotada pelo presidente Collor (caso dos 147%) foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal por nove votos a dois."
Pedro do Coutto (Rio de Janeiro, RJ)


"Com a notícia de que o senhor Lula pretende desvincular as aposentadorias do salário mínimo de modo a dar um reajuste maior aos desafortunados ganhadores dessa remuneração e com a já conhecida manutenção da, na linguagem do PT, "herança maldita" na política econômica, não pode haver dúvida: elegemos dom Fernando 3º. Atentemos para isso nas próximas eleições."
Hilmar I. S. Ferreira (Itabuna, BA)


"Ridícula e imoral a posição do presidente Lula propondo desvincular as aposentadorias do salário mínimo. Os aposentados por acaso têm de comer menos que os trabalhadores da ativa? Esses aposentados, que contribuíram durante toda uma vida com a Previdência, devem ser penalizados hoje porque os vários governos deixaram que o patrimônio do trabalhador fosse dilapidado pela corrupção e pela incompetência? Fica difícil o país engolir esse discurso de Lula, que está diametralmente oposto àquele que o partido pregou para que o povo votasse no companheiro."
Aldo de Cairo Antoni (Santos, SP)

Valentia
"Entre a "herança maldita" e os "malditos herdeiros", reúnem-se o presidente da República e seus anexos com os presidentes da base aliada e, numa mistura de "Alice no País das Maravilhas" com Maquiavel, surge a proposta indecente: dar mais um tungada nos aposentados e desvincular a aposentadoria do mínimo. E, com ares de estadista, pronuncia-se algo como "se não fosse isso, o salário mínimo poderia ser de uns R$ 450". É admirável a generosidade dos políticos feita com o bolso alheio. O oportunismo se serve também da dificuldade de mobilização de pessoas de idade que, além disso, não estão na ativa. O que fazer? Greve? Ser valente com os fracos não qualifica os fortes."
Gilberto Brandão Marcon (São João da Boa Vista, SP)

Minas e Energia
"Em relação à reportagem "Propaganda do PT usa números errados" (Brasil, pág. A9, 7/5), o Ministério de Minas e Energia esclarece: A variação dos preços da gasolina e do botijão do gás liquefeito de petróleo (GLP) foi obtida a partir dos preços médios dos produtos coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 11 capitais brasileiras que servem de base para medição dos índices do IPCA, disponíveis no banco de dados da instituição. Foram calculadas médias aritméticas dos preços nas 11 capitais no início e no fim dos períodos analisados (janeiro de 1995 a dezembro de 2002 e janeiro de 2003 a março de 2004). A variação dos preços foi calculada com base nas médias encontradas no início e no final de cada período analisado. Essa é a metodologia que sempre foi utilizada pelo Ministério de Minas e Energia e pela ANP para aferir variações de preços dos combustíveis."
Fernando Rosa, assessoria de comunicação do Ministério de Minas e Energia (Brasília, DF)

Nota da Redação - Veja seção "Erramos" abaixo.

Imparcialidade
"Jorge Bornhausen na pág. A3, Otavio Frias Filho, Eliane Cantanhêde, José Serra e alguns outros na pág. A2. Todos os dias a propaganda pró-FHC... Gente, onde anda a imparcialidade da Folha? Por que esses senhores não lembram o que FHC esqueceu (ou deixou) de fazer nos seus oito anos? Por que só bater em Lula? E por que a Folha não se manifesta sobre certas atitudes da Justiça (o episódio do silêncio de Pitta, por exemplo) e de outras áreas em vez de só bater em Lula? Por que nenhuma notícia sobre o calote dos tucanos na última campanha eleitoral? A Folha se arrisca a perder a sua maior virtude: a credibilidade. Já os jornalistas acima citados, esses já eram. Deveriam ir buscar emprego com os tucanos..."
Alfredo Sternheim (São Paulo, SP)

Vara curta
"O governo do presidente Lula tem possivelmente uma das últimas oportunidades de a esquerda democrática (aliás, a não democrática também) do mundo mostrar que tem alternativas viáveis ao capitalismo. Mas, enquanto os partidos de direita aprendem com as experiências, a esquerda parece incapaz de aprender. Quem imaginaria que os erros de Allende no Chile seriam repetidos? Muitas frentes simultâneas, funcionários públicos revoltados devido a leis contrárias a seus interesses, produtores rurais descontentes devido à incapacidade de controlar a anarquia etc. Mas também é bom lembrar que Allende chamou os militares a participar do governo, contrariando a tradição do Chile. Deu no que deu. Deus me livre de ser portador de maus augúrios, mas o que tem a ver o Exército com a construção de estradas ou com o combate a criminosos no Rio? Devem ser dados meios adequados para que os ministérios apropriados executem suas ações, e não utilizar o Exército em lugar deles. A inteligentíssima jornalista Eliane Cantanhêde escreveu há poucos dias: "Cutucar a fera com vara curtíssima"."
Milan Trsic (São Carlos, SP)

Feudalismo
"As contradições do capitalismo são impressionantes. A lei da oferta e da procura é um poço de contradição. O capital, produzindo menos, ganha mais. O trabalho, ganhando mais e consumindo mais, é acusado de gerar inflação. O patrão então segura a oferta e o trabalhador é impedido de exercer a procura. O que isso está propiciando é o retorno da economia feudal, na qual meia dúzia de reis dominam milhões de súditos."
Antonio Negrão de Sá (Rio de Janeiro, RJ)


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