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FERNANDO RODRIGUES
A fisiologia ingênua do PT
BRASÍLIA - O PT federal está prestes
a cair numa armadilha. Um retrocesso institucional-político para o país.
O entorno de Lula já o convenceu de
que vale a pena derrubar a verticalização. O enterro está marcado para
esta semana, na Câmara.
A verticalização exige que os partidos tenham alianças coerentes. Algo
como "obrigar" um fã do Corinthians a torcer pelo seu time nos campeonatos paulista e brasileiro. Justo.
No mundo real, significa que se o
PT e Lula receberem o apoio do
PMDB em 2006, as duas siglas terão a
opção de ficar juntas ou separadas
nos Estados. Mas não poderão estar
em coligações de partidos que são adversários no plano federal.
Lula se convenceu de que o PMDB
lhe negará apoio se a verticalização
for mantida. Pior, acha que os peemedebistas estão prestes a dar sustentação à candidatura presidencial
de Anthony Garotinho. Balela.
O que move o PMDB é garantir liberdade para suas traficâncias nos
Estados. No Piauí, o intelectual Mão
Santa quer negociar com quem desejar na disputa estadual. Em São Paulo, vale o mesmo raciocínio para
Orestes Quércia e Michel Temer, que
se dizem candidatos ao Palácio dos
Bandeirantes. O cenário se repete em
quase duas dezenas de Estados.
Se a verticalização for mantida, o
PMDB não tem para onde correr.
Lançará Garotinho? Pode ser. O Planalto também pode retirar já os ministérios dos peemedebistas. Ao contrário, Lula só pensa em dar mais e
mais sinecuras para essa gente.
É curiosa a administração federal
petista. Pratica uma fisiologia ingênua. Dá os cargos ao PMDB, mas não
exige contrapartida.
Renan Calheiros (ex-PC do B, ex-Collor, ex-Itamar, ex-FHC e hoje pró-Lula) quer o fim da verticalização.
Fez uma ameaça: "Manter a verticalização é o mesmo que dizer que o PT
e o governo não desejam o PMDB na
chapa da reeleição". Lula acreditou.
É chocante a desconexão do presidente com a realidade.
frodriguesbsb@uol.com.br
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