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ECOS DO MENSALÃO
De todos os dirigentes do Partido dos Trabalhadores flagrados nos desmandos do mensalão,
Silvio Pereira parece o menos propenso a aceitar calado o papel de bode expiatório. Já não é a primeira vez
que o ex-secretário-geral lança seus
torpedos pela imprensa contra a cúpula da legenda, perturbando o
grande esforço da elite partidária em
varrer o assunto para baixo do tapete.
Pereira já conquistou seu lugar no
anedotário da política nacional ao
aceitar um jipe (R$ 75 mil) próprio
para andar na lama como presente
de um prestador de serviços da Petrobras. Seus lamentos públicos podem
ser um meio de reclamar mais atenção dos que o sucederam na direção
do PT; queixa parecida não se ouve,
por exemplo, de Delúbio Soares.
A intenção precípua de "Silvinho",
como era carinhosamente chamado
quando negociava com partidos aliados cargos na administração federal,
também pode ser a de repisar uma
conhecida linha de defesa, pessoal e
coletiva. Na sua mais recente entrevista, ao jornal "O Globo", percebem-se fios da estratégia diversionista: afirma que os esquemas de financiamento ilegal não são exclusivos
do PT e sobrevivem ao escândalo e
que Marcos Valério atuava com autonomia, sem o controle do partido.
Para além de tentar adivinhar as
motivações de Pereira, o fato é que
seus desabafos trazem alguns elementos que clamam por investigação. Ele afirma que a versão exposta
por Delúbio Soares e Marcos Valério
-a de que tudo não passava de financiamento ilegal de campanhas
originado em empréstimos bancários- foi previamente combinada
entre ambos para evitar que a verdade viesse a "derrubar a República".
O ex-secretário-geral também diz
que havia um grupo de empresas que
financiavam o esquema criminoso
de olho na obtenção de benefícios
fraudulentos do Estado, mas não revela nomes nem detalhes "operacionais". São essas questões -importantes para elucidar aspectos nodais
do mensalão- que Silvio Pereira
precisa esclarecer na CPI dos Bingos,
na audiência marcada para amanhã.
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