São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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CONFLITOS NA FAZENDA

Diante de um cenário interno e externo bastante favorável, tornam-se pouco compreensíveis as constantes demonstrações públicas de divergências na elite da equipe econômica. O Boletim Focus de ontem, do Banco Central, mostra que as expectativas do mercado financeiro para o índice oficial de inflação em 2006 caíram de 4,36% para 4,33%, permanecendo abaixo da meta de 4,5%. As projeções para o próximo ano permanecem alinhadas com a meta, também de 4,5%.
O risco-país do Brasil, outro indicador da confiança dos investidores, continua em patamar historicamente baixo. A despeito do processo de alta das taxas de juros de curto prazo nos Estados Unidos, persiste o apetite por investimentos de maior rentabilidade e risco, como ações e títulos emitidos por países emergentes. Nesse ambiente, os investidores projetam a manutenção do dinamismo da economia mundial, com taxa de crescimento acima de 4% ao ano, de acordo com relatório recente do FMI.
Uma hipótese que circula nos mercados financeiros é a de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com as constantes pressões sobre o BC, estaria sinalizando uma alteração da política econômica em um possível segundo mandato de Lula. A despeito de qual seja o intento futuro de Mantega, o fato é que seu comportamento tem o potencial de repercutir nas próximas decisões do Copom, contendo ou interrompendo a queda dos juros básicos.
A manutenção de taxas de juros reais (descontada a inflação) domésticas muito elevadas, em tempo de farta liquidez internacional, derruba o real. Mesmo com as operações de compra realizadas pelo BC, a cotação já chegou a R$ 2,06. Os investidores devem forçar a ruptura da barreira dos R$ 2,00 por dólar, comprimindo mais a competitividade exportadora. Além disso, interromper o movimento da queda da Selic limitaria o potencial de crescimento do produto e do emprego, com impactos deletérios sobre a dívida pública.


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