|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONFLITOS NA FAZENDA
Diante de um cenário interno
e externo bastante favorável,
tornam-se pouco compreensíveis as
constantes demonstrações públicas
de divergências na elite da equipe
econômica. O Boletim Focus de ontem, do Banco Central, mostra que
as expectativas do mercado financeiro para o índice oficial de inflação em
2006 caíram de 4,36% para 4,33%,
permanecendo abaixo da meta de
4,5%. As projeções para o próximo
ano permanecem alinhadas com a
meta, também de 4,5%.
O risco-país do Brasil, outro indicador da confiança dos investidores,
continua em patamar historicamente baixo. A despeito do processo de
alta das taxas de juros de curto prazo
nos Estados Unidos, persiste o apetite por investimentos de maior rentabilidade e risco, como ações e títulos
emitidos por países emergentes.
Nesse ambiente, os investidores projetam a manutenção do dinamismo
da economia mundial, com taxa de
crescimento acima de 4% ao ano, de
acordo com relatório recente do FMI.
Uma hipótese que circula nos mercados financeiros é a de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
com as constantes pressões sobre o
BC, estaria sinalizando uma alteração da política econômica em um
possível segundo mandato de Lula.
A despeito de qual seja o intento futuro de Mantega, o fato é que seu comportamento tem o potencial de repercutir nas próximas decisões do
Copom, contendo ou interrompendo a queda dos juros básicos.
A manutenção de taxas de juros
reais (descontada a inflação) domésticas muito elevadas, em tempo de
farta liquidez internacional, derruba
o real. Mesmo com as operações de
compra realizadas pelo BC, a cotação
já chegou a R$ 2,06. Os investidores
devem forçar a ruptura da barreira
dos R$ 2,00 por dólar, comprimindo
mais a competitividade exportadora.
Além disso, interromper o movimento da queda da Selic limitaria o
potencial de crescimento do produto
e do emprego, com impactos deletérios sobre a dívida pública.
Texto Anterior: Editoriais: ECOS DO MENSALÃO Próximo Texto: Editoriais: A ERA BLAIR PERTO DO FIM Índice
|