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Processo desgastante
A esta altura, o melhor para o Partido Democrata seria acabar com a
disputa pela indicação e
cerrar fileiras com Obama
ESTÁ SE TORNANDO cada vez
mais intensa a pressão
para que Hillary Clinton
desista da disputa pela
indicação presidencial do Partido Democrata. Os resultados das
primárias da última terça-feira,
em Indiana e na Carolina do
Norte, se não selam o seu destino, reduzem drasticamente suas
esperanças de ser a candidata.
Em Indiana, onde se aguardava um triunfo convincente da
postulante democrata, ela venceu por estreitíssima margem:
51% a 49%. Já na Carolina do
Norte, onde a expectativa era
uma vitória não muito brilhante
de Barack Obama, o senador por
Illinois obteve quase 15 pontos
percentuais de vantagem.
Como restam apenas seis primárias -e em colégios pouco expressivos-, parecem extremamente remotas as chances de Hillary reverter o jogo seja em número de delegados, seja em número de vitórias estaduais, seja
no voto popular.
Sintomaticamente, ela encontra cada vez mais dificuldades
para recolher doações. A fim de
garantir o financiamento da máquina, Hillary acaba de fazer
mais três empréstimos pessoais
à própria campanha, num montante de US$ 6,4 milhões. No total, já disponibilizou US$ 11,4 milhões de sua fortuna.
É um quadro que está levando
os superdelegados (altos dignitários democratas a quem caberá
definir o candidato, visto que nenhum dos dois postulantes deverá alcançar a maioria absoluta só
com os delegados eleitos) a bandear-se para o lado de Barack
Obama. A própria Hillary Clinton fez um discurso de vitória
bastante acanhado em Indiana.
Embora insista que não desistirá, já há rumores de que poderá
fazê-lo nos próximos dias.
Há um detalhe que reforça ainda mais as chances de Obama. O
senador conseguiu dois resultados favoráveis numa situação
bastante adversa, após as polêmicas declarações de seu ex-mentor, o pastor Jeremiah
Wright, que produziram estragos consideráveis na campanha.
É provável que uma vitória sob
tais circunstâncias ajude a convencer superdelegados ainda indecisos de que Obama pode converter-se num candidato mais
resistente do que se imaginava.
A esta altura, o melhor para o
Partido Democrata seria dar por
terminado o processo de prévias
e cerrar fileiras em torno de Barack Obama. A disputa ainda por
definir é contra o candidato republicano, John McCain, que vai
fazendo campanha sem ser incomodado, enquanto Hillary e
Obama se engalfinham.
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