São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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Processo desgastante

A esta altura, o melhor para o Partido Democrata seria acabar com a disputa pela indicação e cerrar fileiras com Obama

ESTÁ SE TORNANDO cada vez mais intensa a pressão para que Hillary Clinton desista da disputa pela indicação presidencial do Partido Democrata. Os resultados das primárias da última terça-feira, em Indiana e na Carolina do Norte, se não selam o seu destino, reduzem drasticamente suas esperanças de ser a candidata.
Em Indiana, onde se aguardava um triunfo convincente da postulante democrata, ela venceu por estreitíssima margem: 51% a 49%. Já na Carolina do Norte, onde a expectativa era uma vitória não muito brilhante de Barack Obama, o senador por Illinois obteve quase 15 pontos percentuais de vantagem.
Como restam apenas seis primárias -e em colégios pouco expressivos-, parecem extremamente remotas as chances de Hillary reverter o jogo seja em número de delegados, seja em número de vitórias estaduais, seja no voto popular.
Sintomaticamente, ela encontra cada vez mais dificuldades para recolher doações. A fim de garantir o financiamento da máquina, Hillary acaba de fazer mais três empréstimos pessoais à própria campanha, num montante de US$ 6,4 milhões. No total, já disponibilizou US$ 11,4 milhões de sua fortuna.
É um quadro que está levando os superdelegados (altos dignitários democratas a quem caberá definir o candidato, visto que nenhum dos dois postulantes deverá alcançar a maioria absoluta só com os delegados eleitos) a bandear-se para o lado de Barack Obama. A própria Hillary Clinton fez um discurso de vitória bastante acanhado em Indiana. Embora insista que não desistirá, já há rumores de que poderá fazê-lo nos próximos dias.
Há um detalhe que reforça ainda mais as chances de Obama. O senador conseguiu dois resultados favoráveis numa situação bastante adversa, após as polêmicas declarações de seu ex-mentor, o pastor Jeremiah Wright, que produziram estragos consideráveis na campanha.
É provável que uma vitória sob tais circunstâncias ajude a convencer superdelegados ainda indecisos de que Obama pode converter-se num candidato mais resistente do que se imaginava.
A esta altura, o melhor para o Partido Democrata seria dar por terminado o processo de prévias e cerrar fileiras em torno de Barack Obama. A disputa ainda por definir é contra o candidato republicano, John McCain, que vai fazendo campanha sem ser incomodado, enquanto Hillary e Obama se engalfinham.


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